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reinen Vernunft

domingo 28 de outubro de 2018

reinen Vernunft  , razão pura, pure reason, raison pura, razón pura

Kant   faz com que o problema relativo à possibilidade da ontologia remonte à questão: “como são possíveis juízos sintéticos a priori  ?”. A interpretação dessa formulação do problema fornece a explicação para que a fundamentação da metafísica seja levada a cabo como uma crítica da razão pura. A pergunta acerca da possibilidade do conhecimento ontológico exige uma caracterização prévia desse conhecimento. Kant capta nesta formulação, em sintonia com a tradição, o conhecer como julgar. Que tipo de conhecimento se encontra no compreender ontológico? Aí é o ente que é conhecido. Todavia, o que é conhecido pertence ao ente, como quer que ele venha a ser experimentado e determinado. Este “ser-o-quê” do ente que é conhecido é aduzido a priori no conhecimento ontológico antes de toda experiência ôntica, apesar de precisamente para ela. Um conhecimento que traz consigo o teor quiditativo do ente ou que desvela o próprio ente é denominado por Kant “sintético”. Assim, a pergunta acerca da possibilidade do conhecimento ontológico torna-se o problema da essência dos juízos sintéticos a priori.

A instância de fundamentação da legitimidade destes juízos dotados de conteúdo sobre o ser do ente não pode residir na experiência; pois a experiência do ente já é sempre ela mesma conduzida pela compreensão ontológica do ente que, numa determinada [31] perspectiva, deve ser acessível através da experiência. Conhecimento ontológico é, por conseguinte, um julgar segundo fundamentos (princípios) que não podem ser aduzidos conforme a experiência.

Pois bem, Kant chama de “razão pura” nossa faculdade de conhecer a priori a partir de princípios. Razão pura é “aquela razão que contém os princípios para conhecer algo absolutamente a priori”. Na medida em que, por conseguinte, os princípios contidos na razão constituem a possibilidade de um conhecimento apriorístico, o desvelamento da possibilidade do conhecimento ontológico tem de se tornar uma clarificação da essência da razão pura. A demarcação da essência da razão pura, porém, é ao mesmo tempo a determinação distintiva da sua não-essência e, com isso, a demarcação e restrição (crítica) às suas possibilidades essenciais. Fundamentação da metafísica enquanto desvelamento da essência da ontologia é “crítica da razão pura”. [GA3MAC:31-32]


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