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ens creatum

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

Mas uma outra tradição, que se apoia na narrativa da Gênese, ensina que o homem foi criado à imagem de Deus. Ele não tem apenas uma natureza, possui também uma relação essencial com a sobrenatureza, com a «transcendência», no sentido teleológico. «Deus disse: façamos o homem à nossa imagem (eikona) e semelhança (homoiosin)» [Gênese, I, 26, citado no SZ   p. 48]. O Homem traz na sua essência como que a marca do artesão na sua obra, a imagem, quer dizer, a analogia   proporcional (homoiosis  ) do Todo-Poderoso e do Invisível. A teologia cristã acrescenta à animalidade racional — que retoma da tradição grega sem a repor em questão, pois o homem enquanto ens creatum   é um ser natural, substancial —, «a ideia da transcendência, segundo a qual o homem é além disso um ser dotado de razão» [SZ:4]. Reforçada com a certeza da revelação, a teologia produz uma nova cisão conflitual na essência humana: por um lado entre a natureza e a graça, entre o corpo e o espírito, ambos cativos do «mundano», e a alma, por outro, chamada à «vida sobrenatural». [HEH:16]