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einai

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

εἶναι  

Mas para captar o que era o ser na sua primeira destinação, não temos outro recurso senão o de nos esforçarmos por percorrer os territórios onde se dizia o ser [Sein  ], quer dizer as palavras fundamentais dos primeiros pensadores [anfängliche Denker  ]. Entre estas palavras, o recurso imediato à palavra εἶναι [einai], ou até à palavra ἐόν [eon] entendida verbalmente, ser-nos-ia de pouca utilidade. Porque se sabemos muito bem que ser traduz εἶναι, não sabemos justamente o que os gregos pensavam, e ainda menos aquilo que experimentavam, quando diziam ou escreviam εἶναι [Nota]: muito longe de ser uma resposta ou uma solução, εἶναι é o próprio nome da questão, a «palavra-enigma» por excelência. Como clarificar este enigma?
Nota: Cf. WiM, Einl. [GA9  ], Wgm [GA5  ], p. 205 (Qu. I, 37 [Q12  ]): «Que dizemos quando, em lugar de εἶναι, dizemos «ser», e em lugar de «ser» εἶναι e esse? Não dizemos nada. Quer seja grega, latina ou alemã, a palavra conserva-se igualmente obscura». Cf também Hzw [GA9], p. 308 (273).
[…]
Isto leva-nos a formular uma primeira observação a respeito da abordagem heideggeriana   do ser. «Ser» não está de modo algum fechado num vocábulo único, ao qual seria preciso, de certa maneira, obrigar a mostrar o seu segredo: é «a palavra [Wort  ] de todas as palavras» [GA55  :82], que é preciso procurar em todos os lugares da língua [Sprache  ]. Se não nos podemos aproximar do enigma do εἶναι, quer dizer do mistério do que era pensado ou experimentado nele, sem apelar para todas as outras palavras essenciais, não é de modo algum porque estas nos diriam «outra coisa», mas precisamente porque não podem dizermos senão o «mesmo», nas suas diferentes modalidades. Porque não seriam palavras e, falando com propriedade, não diriam «nada» se não dissessem primeiramente e acima de tudo o ser, esse ser que sustenta o conjunto da língua e que se aclara nela. São estas múltiplas «palavras do ser» que nos propomos estudar, a começar pela primeiríssima de entre elas, aquela que, porque é a palavra-chave do pensamento inicial, só pode também dizer a essência do ser, na mais matinal das ocasiões em que foi experimentado: a palavra φύσις   [physis]. [MZHPO]