Página inicial > Glossário > ón

ón

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

A expressão ôntico, criada a partir da expressão grega tò ón  , o ente, significa aquilo que tem a ver com o ente. Mas o grego ón, “ente”, alberga em si uma essência própria de entidade (ousia  ), a qual não permanece de modo algum a mesma no decurso da sua história. Quando, pensando, fazemos uso das palavras ón e “ente”, pressupõe-se, em primeiro lugar, que pensamos – quer dizer, que tomamos em consideração – em que medida, em cada caso, o significado se altera e como, em cada caso, historicamente se fixa. Quando o ente aparece como objecto, na medida em que a entidade se clareou enquanto objectualidade e quando, por conseguinte, se aborda o ser como não-objectual, então tudo isto assenta já sobre aquela ontologia, pela qual o ón foi determinado enquanto hypokeimenon  , este, como subiectum, mas cujo ser o foi a partir da subjectidade da consciência. É porque ón significa tanto “ente” [Seiendes  ] como “sendo” [Seiend] que o ón enquanto “ente” pode ser reunido (legein  ) em direcção ao seu “sendo”. O ón até já está reunido em entidade, em conformidade com a sua duplicidade enquanto ente. Ele é ontológico. Mas com a essência do ón e a partir dele, altera-se sempre este reunir, o logos, e, com ele, a ontologia. Desde que o ón, o que-está-presente, emergiu enquanto physis  , o estar-presente do que-está-presente assenta, para os pensadores gregos, no phainesthai, no aparecer que se mostra do não-encoberto. Assim, a multiplicidade do que-está-presente, ta onta, é pensada como aquela que no seu aparecer é simplesmente tomada como o que-vem-à-presença. Tomar significa aqui: receber, sem mais nem menos, e deixá-lo permanecer no presente. O tomar (dechesthai) permanece sem fazer nada mais. Não continua, nomeadamente, a pensar o estar-presente do presente. Permanece na doxa  . Em compensação, o noein   é aquele perceber que percebe o presente especificamente no seu estar-presente e nesse sentido o inquire. [[HEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Tr. Irene Borges-Duarte   et alii. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2014, O conceito de experiência em Hegel  ]