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Lebewesen

quarta-feira 24 de janeiro de 2024

wesen  : essenciar-se, estar-a-ser
Abwesen (s) / Abwesende (s): o-estar-ausente, ausência / o-que-está-ausente
anwesen / Anwesen (s): vir-à-presença, estar-presente / o-estar-presente, o vir-à-presença
anwesend / Anwesende (s): presente, que está presente / o que-está-presente, o que-vem-à-presença
Anwesenheit (e): presença, estar-em-presença (cf. Präsenz  )
Gewesene (s) / Ge-wesene (s): o sido, aquilo que foi / o sido, o já essenciado
Wesen (s) / Unwesen (s): essência, estar-a-ser, ser / anti-essência, abuso da essência, in-essência
Wesende (s): o-que-se-essencia, o que-está-a-ser
Wesenheit (e): essencialidade
Wesensblick ®: o olhar-que-vê-a-essência [GA5BD  ]
Lebewesen = ser vivo, vivente

Assim, a análise da Terra [Erde  ] na Origem da Obra de Arte (OOA, 1936), em vez de nos dar a submissão inevitável do homem a uma dimensão de passividade original, insiste sobretudo no seu poder de possibilitação não-mundana, não-historial. A análise mostra que a Terra como «natureza» [Natur  ] colabora, mesmo contra vontade, para o mundo; mas não mostra em que é que o homem se lhe sujeita, ao experimentar os seus ritmos ou os seus ciclos. À época de SZ  , Heidegger quer, antes de mais, desligar-se da Lebensphilosophie   então reinante, afastar-se de Bergson   e de Dilthey  , aos quais atribui uma visão substancialista da «vida» [Leben]. «A vida não é nem um puro ente-subsistente (Vorhandenes) nem Dasein  » [SZ:50].

A determinação da vida é assim essencialmente negativa ou privativa. A intramundanidade [Innerweltlichkeit] não faz parte do ser da natureza. «A intramundanidade é simplesmente o que cabe à natureza quando ela é descoberta como ente» [GA24  :240]. Mas ignoramos o que é o ser deste ente em si mesmo. Ora por que é que o ser do vivente [Lebendige] escapa de direito a uma fenomenologia directa e só pode ser atingido a partir de uma «privação redutora» operada depois do ser-no-mundo [In-der-Welt-sein  ]? «O animal é pobre no mundo [weltarm  ]», repete como um leitmotiv o curso de 1929-30 (GA29-30  ). Visto que somos viventes, por que é que não podemos aceder directamente à vida? Ou será que não somos? O que significa a afirmação de inclusão do homem na natureza [Natur], se todos os esforços de análise do Dasein — de que o pensamento do ser prolonga a tendência hipertranscendental — tendem a extraí-lo dela? Admitindo que o corpo humano [Leib  ] não seja um prolongamento da substância vital que serve de apoio ao espírito, e que ele não se reduz a um simples organismo animal, pois não possui o modo de animalidade dos animais estreitamente encerrados no seu meio-ambiente, poderá, no entanto, o nosso corpo ser considerado «essencialmente outro» em relação a todos os organismos vivos? Pelo facto de o homem não ser um vivente como os outros, poderemos defender que ele não é de todo um vivente, ou que é um dos que escapa às determinações dos restantes seres viventes? Mesmo que a pertença à natureza não defina o homem na sua essência, ela confere-lhe uma certa essência minimal, uma individualidade biológica, uma pertença física, olhos, cabelos, uma pele de uma certa cor, uma especificação sexual, uma idade. Estes traços «terrestres», visivelmente não-historiais, podem ser deixados em silêncio na descrição do Dasein sob pretexto de que eles são «empíricos» e sem alcance essencial ou «transcendental  » ? O sexo ou a idade não são condições de possibilidade da existência de qualquer Dasein? [HEH:21-22]