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Autonomie

domingo 28 de outubro de 2018

Autonomie  , autonomia, autonomy

Como é que as coisas se mostram, então, em relação à liberdade no entendimento transcendental  , em relação à espontaneidade [Spontaneität] absoluta, se é que ela não é a liberdade positivamente prática ante a liberdade negativamente prática? Espontaneidade absoluta, isso não é o mesmo que autonomia? Nos dois casos, o que está em questão é o si mesmo, aquilo que é dotado de caráter de si mesmo [Selbsthaftige], o sua sponte, αυτός. Evidentemente, as duas encontram-se em conexão, mas não são idênticas. Consideremos mais agudamente. Espontaneidade absoluta: a faculdade do autoinício de um estado [das Vermögen   des Selbstanfangs eines Zustandes]: autonomia: dar-a-si-mesmo-leis de uma vontade racional [Sich-selbst  -Gesetz  -geben eines vernünftigen Willens]. Na espontaneidade absoluta (na liberdade transcendental), não se fala de vontade e de lei volitiva, mas do autoiniciar de um estado; na autonomia, em contrapartida, de um ente determinado, a cuja essência pertence querer, πρᾶξις  . Eles não são uma e a mesma coisa e, contudo, há algo de mesmo nos dois: eles se copertencem. Como? O determinar-a-si-mesmo [Sichselbstbestimmen] para o agir como autolegislação [Selbstgesetzgebung] é um autoiniciar [Selbstanfangen] de um estado na região particular do agir humano de um ser racional em geral. Autonomia é uma espécie de espontaneidade absoluta, essa espontaneidade demarca a essência universal daquela. Com base nesse caráter essencial enquanto espontaneidade absoluta, a autonomia é possível. Se não houvesse absolutamente nenhuma espontaneidade absoluta, então também não haveria nenhuma autonomia. A autonomia funda-se, segundo a possibilidade, na absoluta espontaneidade, a liberdade prática na liberdade transcendental. De acordo com isso, Kant   mesmo diz expressamente na Crítica da razão pura: “É extremamente estranho, que o conceito prático de liberdade se funde nessa ideia transcendental de liberdade, enquanto aquela liberdade [transcendental] se funda nessa liberdade [prática]. Esse constitui o fator propriamente dito das dificuldades, que envolveram desde sempre a questão sobre a sua possibilidade”. [Kant, Crítica da razão pura, A 533, B 561.] [Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes, p. 74 (IV, 446).] [GA31MAC  :41-42]


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