(…) normalmente usamos a palavra “verdade” para denotar entidades proposicionais verdadeiras, como afirmações ou crenças. O que faz com que as proposições verdadeiras sejam verdadeiras é que elas desempenham uma função específica, ou seja, elas desencobrem um fato ou um estado de coisas. Assim, Heidegger considera que a função ontológica da verdade é desencobrir em um sentido amplo — elevando a saliência. Em seguida, ele aplica as palavras “verdadeiro” e “verdade” em um sentido amplo para nomear qualquer coisa que desencubra. Assim, por exemplo, se eu cravo um prego em uma tábua, estou desencobrindo a maneira como um martelo é usado. Nesse sentido, minha ação, para Heidegger, é “verdadeira” — ela torna evidente o que é um martelo e como ele é usado. Ou, se um edifício como uma catedral medieval torna evidente para os fiéis o que significa habitar um mundo aberto pela graça de Deus, a catedral também é “verdadeira” — ela torna saliente o que é essencial ou mais importante em um mundo como esse.
(WRATHALL, Mark A.. The Cambridge Heidegger Lexicon. Cambridge: Cambridge University Press, 2021)