Seu problema [de Heidegger] é o antigo problema do ser. É, portanto, uma ontologia que ele quer fundar, e é apenas para nos apresentar a essa ontologia que ele assume o problema da existência (no sentido em que ele a entende: “Da-Sein”), porque a única forma de ser com a qual estamos, segundo ele, em contato real, é o ser dos homens. E, de fato, há outras formas de ser para Heidegger, há o que ele chama de ser das coisas vistas, dos espetáculos, há o ser das ferramentas e dos instrumentos, há o ser das formas matemáticas, há o ser dos animais; para Heidegger, apenas o homem existe verdadeiramente. O animal vive, a coisa matemática subsiste, as ferramentas permanecem à nossa disposição, os espetáculos se manifestam, mas nenhuma dessas coisas existe.
[Jean Wahl, Esquisse pour une histoire de l’Existentialisme, L’Arche, 1949, p. 26-27.]