Waelhens (1942:83-86) – estar-lançado [Geworfenheit]

destaque

Na sua forma primitiva, o sentimento da situação originária dá-nos — ou quer-nos dar a entender — que o Dasein é lançado e abandonado na excentricidade de uma existência que lhe foi imposta. Tal é o “estar-lançado” (déréliction) (Geworfenheit des Daseins) (SZ, p. 135). Há no sentimento deste estar-lançado muito mais do que a constatação de um simples fato: há a insinuação de que este estar-lançado pertence à condição humana enquanto tal: sem estar-lançado no mundo, não podemos estar aí, existir como Da. Mas tenhamos cuidado com o significado exato deste estar-lançado. Ele não deve ser interpretado como exprimindo um acontecimento único, porque é fugaz e acabado, como o fato de ter sido lançado de uma vez por todas ao mundo e entregue passivamente a ele. Não, este estar-lançado é inseparável da responsabilidade a que nos referimos anteriormente. O homem foi lançado ao mundo com a obrigação de se realizar apesar da sua impotência e contra ela, apesar do fato de nenhum homem ter escolhido existir, de cada homem, desde o primeiro momento em que tem consciência de existir, já estar “embarcado”. E assim como esta luta nunca termina, a realidade do estar-lançado nunca é apagada ou abolida.

original

  1. Nous empruntons cette traduction du mot Geworfenheit à Μ. Corbin (Qu’est-ce que la méthaphysique? p. 15)[↩]
  2. La Geworfenheit n’est pas un « abgeschlossenes Faktum » (SZ, P· 179).[↩]
  3. Il s’agit ici non de la solitude de l’homme vis-à-vis de l’homme, que Heidegger se flatte d’éliminer, mais de la solitude de la nature humaine qui n est pas aidée dans sa lutte pour l’existence. Heidegger ne dit pas — mais on le comprend sans peine — quelle est cette aide sur laquelle nous avons tendance à compter et qui nous fait irrémédiablement défaut.[↩]
  4. «Die Geworfenheit aber ist die Seinsart eines Seienden, das je seine Möglichkeiten selbst ist, so zwar, dass es sich in und aus ihnen versteht…» (SZ, p. 181). Aussi p. 284.[↩]
  5. « Sie (die Stimmung) kommt weder von , Aussen ’ noch von , Innen ’ sondern steigt als Weise des In-der-Welt-seins aus diesem selbst auf» (SZ, p. 136).[↩]
  6. « Die Gestimmtheit der Befindlichkeit konstituiert existenzial die Weltoffenheit des Daseins» (SZ, p, 137). On retrouve la même doctrine chez bon nombre de penseurs contemporains. Pour Gabriel Marcel notamment la sensation ne fait qu’exprimer notre participation au monde, participation qui est elle-même constituée par notre condition d’être incarné (Cf. l’être incarné, repère central de la réflexion métaphysique, article cité, pp. 114, 115, 116).[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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