Taminiaux (HPP:18-21) – arete – phronesis

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Tal como a techne, relata Heidegger, a phronesis envolve uma deliberação. Tal como acontece com a techne, a deliberação da phronesis é, enquanto tal, relativa a algo que pode ser de outro modo. Mas é aí que termina a semelhança entre os dois modos deliberativos: eles são essencialmente diferentes no que diz respeito ao seu objetivo e princípio. O telos do tipo de ação revelado pela techne — uma ação que diz respeito à poiesis, à produção ou à feitura de algo — é algo outro que o Dasein, uma entidade que está “além e contra” o Dasein, um ergon ou uma obra que se situa fora do Dasein. Por outro lado, a ação revelada pela phronesis, longe de ser um envolvimento com entidades exteriores, é praxis, entendida como a condução da própria vida do homem, isto é, como o próprio modo de existência do Dasein. E a finalidade que a phronesis tem em vista não é, de resto, exterior (para), porque não é senão a realização da praxis, eu prattein, isto é, a realização do modo de existência do Dasein. É no próprio Dasein, e não nas coisas que lhe são exteriores, que reside a houneka da phronesis. A diferença entre techne e phronesis não é menos definida se considerarmos a arche, ou princípio, de cada uma. Por um lado, a arche que guia a techne na produção de uma obra é também por natureza exterior ao Dasein, porque é o eidos, a forma ou o modelo do produto externo que está a ser produzido. Por outro lado, a arche da phronesis não é exterior ao Dasein, porque não é mais do que o modo como o Dasein se desvela a si mesmo.

original

  1. SZ, 268/BTa, 312.[↩]
  2. Martin Heidegger, The Concept of Time, translated by Will McNeill (Malden, Mass.: Blackwell, 1992).[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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