SZ:6-7 – O questionado é o ser…

Schuback

O questionado da questão a ser elaborada é o ser, o que determina o ente como ente, o em vista de que o ente já está sempre sendo compreendido, em qualquer discussão. O ser dos entes não “é” em si mesmo um outro ente. O primeiro passo filosófico na compreensão do problema do ser consiste em não μῦθόν τινα διηγεῖσθαι 1. “Não contar estórias” significa: não determinar a proveniência (41) do ente como ente, reconduzindo-o a um outro ente, como se ser tivesse o caráter de um ente possível. Enquanto questionado, ser exige, portanto, um modo próprio de demonstração que se distingue essencialmente da descoberta de um ente. Em consonância, o perguntado, o sentido de ser, requer também uma conceituação própria que, por sua vez, também se diferencia dos conceitos em que o ente alcança a determinação de seu significado.

Como ser constitui o questionado e ser diz sempre ser de um ente, o que resulta como interrogado na questão do ser é o próprio ente. Este é como que interrogado em seu ser. Mas para se poder apreender sem falsificações os caracteres de seu ser, o ente já deve se ter feito acessível antes, tal como é em si mesmo. Quanto ao interrogado, a questão de ser exige que se conquiste e assegure previamente um modo adequado de acesso ao ente. Chamamos de “ente” muitas coisas e em sentidos diversos. Ente é tudo de que falamos dessa ou daquela maneira, ente é também o que e como nós mesmos somos. Ser está naquilo que é e como é, na realidade, no ser simplesmente dado (Vorhandenheit), no teor e recurso, no valor e validade, no existir, no “dá-se”. Em qual dos entes deve-se ler o sentido de ser? De que ente deve partir a abertura para o ser? O ponto de partida é arbitrário, ou será que um determinado ente possui o primado na elaboração da questão do ser? Qual é este ente exemplar e em que sentido possui ele um primado? (STMS:41-42)

Castilho

Gaos

Rivera

Martineau

Vezin

Macquarrie

Stambaugh

Original

  1. Platão, O sofista, 242c.[↩]
  2. Platão, O sofista, 242 c.[↩]
  3. (a) Ainda o conceito habitual e nenhum outro mais.[↩]
  4. (b) Duas perguntas diversas, aqui ordenadas uma depois da outra; mal-entendido, sobretudo em relação ao papel do Dasein.[↩]
  5. (c) Mal-entendido. O Dasein é exemplar porque é o parceiro que em sua essência como Dasein (guardião da verdade do ser) joga para e com o ser — trazendo-o para dentro do jogo de ressonância.[↩]
  6. Platón, Sofista 242 c.[↩]
  7. Platón, El Sofista 242 c.[↩]
  8. NA: Platon, Sophiste, 242c[↩]
  9. Platon, Sophiste 242c.[↩]
  10. (a) Concept à prendre ici en son sens habituel, à l’exclusion de tout autre.[↩]
  11. (b) Deux questions différentes mises ici à la suite l’une de l’autre; prêtent à malentendu surtout par rapport au rôle du Dasein.[↩]
  12. (c) Prête à malentendu. Le Dasein a ceci d’exemplaire que, de par toute son essence de Dasein (en tant qu’il a égard à la vérité de l’être), il fait jouer en écho l’al-lusion (Beispiel) que lui adresse, en partenaire du jeu, l’être comme tel.[↩]
  13. Sein liegt im Dass- und Sosein, in Realität, Vorhandenheit, Bestand, Geltung, Dasein, im “es gibt”.’ On ‘Vorhandenheit’ (‘presence-at-hand’) seenote i, p. 48, H. 25. Qn ‘Dasein’, see note 1, p. 27.[↩]
  14. Plato, Sophistes 242 c.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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