SZ:42 – “Eu sou” – “Tu és”

Castilho

(Dessa caracterização do Dasein) resultam dois pontos:

1. A “essência” desse ente reside em seu ter-de-ser 1. O ser-que (essentia) desse ente, na medida em que em geral disso se pode falar, deve ser concebida a partir do seu ser (existentia). Nisso está precisamente a tarefa ontológica de mostrar que, ao escolhermos para o ser desse ente a designação de existência, o termo não tem e não pode ter a significação ontológica do tradicional termo existentia, o qual, segundo a tradição, significa ontologicamente, tanto como subsistência, um modo-de-ser que não convém essencialmente ao ente que tem o caráter do Dasein. Para evitar a confusão, empregamos sempre para o termo existentia a expressão interpretativa subsistência e existência como determinação-de-ser unicamente para o Dasein.

A “essência” do Dasein reside em sua existência. Os caracteres que podem ser postos à mostra nesse ente não são, portanto,“propriedades” subsistentes de um ente que subsiste com este ou com aquele “aspecto”, (139) mas modos-de-ser cada vez possíveis para ele e somente isso. Todo ser-assim desse ente é primariamente ser. Por isso, o termo “Dasein” com que designamos esse ente não exprime o seu que, como é o caso de mesa, casa, árvore, mas o ser 2.

2. O ser que, para esse ente, está em jogo em seu ser é, cada vez, o meu. Por isso, o Dasein nunca pode ser ontologicamente apreendido como caso ou como exemplar de um gênero de ente como subsistente. A esse ente seu ser lhe é “indiferente”, ou mais precisamente, “é” de tal modo que para ele seu ser não pode ser nem indiferente, nem não-indiferente. O pôr em questão o Dasein, conforme o caráter do ser-cada-vez-meu desse ente, deve incluir sempre o pronome pessoal, “eu sou”, “tu és” 3.(p. 139, 140)

Schuback

Vezin

Macquarrie

Stambaugh

Original

  1. NH: Que ele “tem” de ser; destinação![↩]
  2. NH: o Ser “do” “aí”; “do”: genitivus objectivus.[↩]
  3. NH: isto é, o “ser-cada-vez-meu” significa ser-me-entregue-a-mim-mesmo-como-próprio.[↩]
  4. NH: Qu’il « a » à être; destination![↩]
  5. NH:L’être « du » là, « du » : génitif objectif.[↩]
  6. NH: C’est-à-dire qu’être-chaque-fois-à-moi veut dire (m’)« être remis en propre ».[↩]
  7. als Vorhandenen’. The earlier editions have the adjective ‘vorhandenen’ instead of the substantive.[↩]
  8. ‘gleichgültig’. This adjective must be distinguished from the German adjective ‘indifferent’, though they might both ordinarily be translated by the English ‘indifferent’, which we shall reserve exclusively for the former. In most passages, the latter is best translated by ‘undifferentiated’ or ‘without further differentiation’; occasionally, however, it seems preferable to translate it by ‘Indifferent’ with an initial capital. We shall follow similar conventions with the nouns ‘Gleichgültigkeit’ and ‘Indifferenz’.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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