SZ:299-301 – Entschlossenheit – Situation

Schuback

No termo situação (posição, condição — “estar em posição de…, estar em condições de…” ), inclui-se um significado espacial. Não pretendemos eliminá-lo do conceito existencial. Pois ele também se acha no “pre” da presença. Pertence ao ser-no-mundo uma espacialidade própria, anteriormente caracterizada nos fenômenos de distanciamento e direcionamento. Existindo faticamente, a presença “se arruma”1. A espacialidade que possui o caráter de presença e sobre cujas bases a existência determina a cada vez o seu “lugar” funda-se, contudo, na constituição de ser-no-mundo. O constitutivo primordial dessa constituição é a abertura. Assim como a espacialidade do pre funda-se na abertura, a situação também está fundada na decisão. Cada vez a situação é o pre, o aberto na decisão, que o ente que existe é. A situação não é a moldura simplesmente dada em que a presença ocorre ou apenas se coloca. Longe de um amálgama simplesmente dado de circunstâncias e acasos, a situação é somente pela e na decisão. Somente decidida para o pre em que ela mesma tem de ser em existindo é que se lhe abre, cada vez, o caráter faticamente conjuntural das circunstâncias. Somente para a decisão é que pode ocorrer aquilo que chamamos de acaso, ou seja, o que lhe cai a partir do mundo circundante e do mundo compartilhado.

(381) Em contrapartida, a situação permanece essencialmente fechada para o impessoal. Ele conhece apenas as “condições gerais” que se perdem nas “ocasiões” mais imediatas e contesta a presença, calculando os “acasos” os quais, por desconhecê-los, sustenta e professa como sua realização.

A decisão conduz o ser do pre à existência de sua situação. A decisão, porém, delimita a estrutura existencial do poder-ser próprio, testemunhado na consciência, isto é, do querer-ter-consciência. Nele reconhecemos a compreensão adequada do interpelar. com isso, torna-se inteiramente claro que o apelo da consciência, o fazer apelo ao poder-ser, não propõe nenhum ideal vazio de existência, mas faz apelo para a situação. Essa positividade existencial do apelo da consciência, corretamente compreendido, também evidencia a medida em que a limitação da tendência do apelo para culpabilizações anteriormente cometidas e contraídas desconhece o caráter de abertura da consciência e aparentemente só nos transmite a compreensão concreta de sua voz. A interpretação existencial que compreende o interpelar enquanto decisão desvela a consciência como o modo de ser que se acha no fundo da presença. É neste modo de ser que a consciência, testemunhando o poder-ser mais próprio, possibilita para si mesma a sua existência fática.

O fenômeno assim exposto sob o título de decisão dificilmente poderia confundir-se com um “hábito” vazio ou com uma “veleidade” indeterminada. Não é tomando conhecimento que a decisão representa para si uma situação. Ela já se acha em uma situação. A presença já age decidida. Evitamos, propositadamente, o termo “ação”. Pois, por um lado, ele deve ser tomado de modo suficientemente amplo para abranger a atividade e a passividade do que opõe resistência. E, por outro, ele introduz o perigo de um equívoco ontológico da presença em que a decisão seria apenas um comportamento especial da faculdade prática enquanto distinta e oposta à teórica. A cura, porém, no sentido de preocupação em ocupações, abrange o ser da presença de modo tão originário e total que já se deve pressupor como o todo, em qualquer distinção entre atitude prática e teórica. Ela não pode ser construída a partir dessas duas faculdades através de uma dialética necessariamente destituída de fundamentos porque não fundada existencialmente. A decisão (382), porém, é apenas a propriedade de si mesma possível como cura e acurada na cura. (p. 380-383)

Rivera

Macquarrie & Robinson

Original

  1. Cf. § 23 e 24, p. 158s.[↩]
  2. Cf. §§ 23 y 24, p. 130 ss.[↩]
  3. The German words ‘Situation’ and ‘Lage’ will be translated by ‘Situation’ and ‘situation’ respectively.[↩]
  4. ‘Entschlossen für das Da, als welches das Selbst existierend zu sein hat, erschliesst sich ihm erst der jeweilige faktische Bewandtnischarakter der Umstände.’[↩]
  5. ‘Nur der Ent-schlossenheit kann das aus der Mit- und Umwelt zu-fatten, was wir Zufälle nennen.’ Literally a ‘Zufall’ (‘accident’) is something that ‘falls to’ something, or ‘befalls’ it. (Compare the Latin ‘accidens’, which has basically the same meaning).[↩]
  6. ‘verschlossen’. Contrast ‘erschlossen’ (‘disclosed’) and ‘entschlossen’ (‘resolved’).[↩]
  7. ‘Es kennt nur die “allgemeine Lage”, verliert sich an die nächsten “Gelegenheiten” und bestreitet das Dasein aus der Verrechnung der “Zufälle”, die es, sie verkennend, für die eigene Leistung hält und ausgibt.’ We have preserved the grammatical ambiguity of the pronouns ‘die’ and ‘es’.[↩]
  8. ‘. . . als die im Grunde des Daseins beschlossene Seinsart . . .’ The participle ‘beschlossene’, which is etymologically akin to ‘erschlossen’, etc., may mean either ‘included or ‘decided upon’, as we have seen on H. 299. Very likely both meanings are here intended.[↩]
  9. ‘Die Entschlossenheit stellt sich nicht erst, kenntnisnehmend, eine Situation vor, sondern hat sich schon in sie gestellt.’ Our rather literal translation brings out the contrast between ‘sich stellen in . . .’ (‘put itself in . . .’) and ‘sich stellen . . . vor . . .’ (‘put before itself. . .’), but fails to bring out the important sense of the latter expression: ‘to represent’ or ‘to form an idea of’.[↩]
  10. ‘ “Handeln” ’. Far from avoiding this term, Heidegger has used it quite frequently. But he is avoiding it as a possible substitute for the term ‘Entschlossenheit’.[↩]
  11. Vgl. §§ 23 u. 24, S. 104 ff.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress