SZ:276 – Dasein tem de ser como é e pode ser

Castilho

O Dasein existe, no entanto, sempre cada vez factualmente. Ele não é um ente que-se-projeta flutuando-livremente-no-ar, mas, determinado pela dejecção como factum do ente que ele é, ele já foi cada vez e permanece constantemente entregue à existência pela-qual-responde. Mas a factualidade do Dasein distingue-se (757) essencialmente da factualidade de um subsistente. O Dasein existente não vem-de-encontro a si mesmo como um subsistente do interior-do-mundo. Mas a dejecção também não é inerente ao Dasein como um caráter inacessível e desimportante para sua existência. Como dejecto ele é dejectado na existência. Ele existe como ente que tem de ser como é e pode ser.

Que o Dasein seja factualmente pode ficar oculto quanto ao seu porquê, apesar de “que” ele mesmo esteja aberto para o Dasein. A dejecção do ente pertence à abertura do “aí” e se desvenda constantemente no encontrar-se de cada vez. Este leva o Dasein mais ou menos expressa e propriamente ante o “seu que ele é e como o ente que é, tem de ser podendo-ser”. Mas no mais das vezes o estado-de-ânimo fecha a dejecção. O Dasein foge dela para a facilidade da pretensa liberdade de a-gente-ela-mesma. Fuga essa que foi caracterizada como fuga ante o estranhamento que no fundo determina o ser-no-mundo isolado. O estranhamento se desvenda propriamente no encontrar-se-fundamental da angústia que, como a abertura mais elementar do Dasein dejectado, põe o ser-no-mundo do Dasein ante o nada do mundo, ante o qual o Dasein angustiado se angustia pelo poder-ser mais-próprio. E se o Dasein, se encontrando no fundo de seu estranhamento, fosse o apelante do apelo-da-consciência?

Nada fala contra isso e, ao contrário, todos os fenômenos até agora postos em relevo para caracterizar o apelante e seu apelo falam por isso. (p. 757, 759)

Rivera

Vezin

Macquarrie

Original

  1. Dass es faktisch ist, mag hinsichtlich des Warum verborgen sein, das ‘Dass’ selbst jedoch ist dem Dasein erschlossen.’ (Cf. H. 135 above.)[↩]
  2. ‘Diese bringt das Dasein mehr oder minder ausdrücklich und eigentlich vor seindass es ist und als das Seiende, das es ist, seinkönnend zu sein hat”.’[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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