SZ (STMS) – tempo

De há muito que o “tempo” funciona como critério ontológico, ou melhor, ôntico, para uma distinção ingênua das diversas regiões dos entes. STMS: ET5

Dentro do horizonte da compreensão “vulgar”, o “tempo” acabou tendo, por assim dizer, “por si mesmo”, essa função ontológica “evidente” e nela se manteve até hoje. STMS: ET5

Desse modo, “tempo” não mais poderá dizer apenas “sendo e estando no tempo”. STMS: ET5

Devido a essa dupla influência da tradição, a conexão decisiva entre o “tempo” e o “eu penso” permaneceu envolta na mais completa escuridão, não chegando sequer uma vez a ser problematizada. STMS: ET6

Torna-se, assim, evidente [63] que a interpretação antiga do ser dos entes se orienta pelo “mundo” e pela “natureza” em seu sentido mais amplo, retirando de fato a compreensão do ser a partir do “tempo”. STMS: ET6

Aquilo para que a ocupação não pode voltar-se, aquilo para que ela não tem “tempo”, é um não manual, no modo do que não pertence ou não se finalizou. STMS: ET16

Em que se deve ver o ser “originário” dessa formação? É isso que Saturno, o “tempo”, decide. STMS: ET42

Pois a experiência do “tempo” que a prova inclui só se faz “em mim”. STMS: ET43

Se a temporalidade constitui o sentido ontológico originário da presença (Dasein), onde está em jogo o seu próprio ser, então a cura deve precisar de “tempo” e, assim, contar com “o tempo”. STMS: ET45

O “tempo” nela experimentado é o aspecto fenomenal mais imediato da temporalidade. STMS: ET45

O esclarecimento da origem do “tempo”, “no qual” entes intramundanos vêm ao encontro, do tempo como intratemporalidade, [307] revela uma possibilidade essencial de temporalização da temporalidade. STMS: ET45

386] Se já o caráter ontológico de seu próprio ser encontra-se distante da presença (Dasein) devido ao predomínio da compreensão ontológica decadente (ser simplesmente dado), o que não dizer então dos fundamentos originários desse ser? Não é, pois, de admirar que, à primeira vista, a temporalidade não corresponda ao que é acessível à compreensão vulgar como “tempo”. STMS: ET61

O mesmo vale para os conceitos de um “tempo” “subjetivo” e “objetivo”, respectivamente, “imanente” e “transcendente”. STMS: ET65

Na medida em que, numa primeira aproximação e na maior parte das vezes, a presença (Dasein) compreende impropriamente, pode-se presumir que o compreender vulgar de “tempo” apresente um fenômeno, sem dúvida, autêntico, mas derivado. STMS: ET65

O característico do “tempo” acessível à compreensão vulgar consiste, entre outras coisas, justamente em que, no tempo, o caráter ekstático da temporalidade originária é nivelado a uma pura sequência de agora, sem começo nem fim. STMS: ET65

De acordo com seu sentido existencial, esse nivelamento funda-se, porém, numa determinada temporalização possível, pela qual a temporalidade temporaliza impropriamente este “tempo”. STMS: ET65

Se, portanto, o [413] “tempo” acessível à compreensibilidade da presença (Dasein) se comprova como não originário e, além disso, como oriundo da temporalidade própria, então justifica-se, segundo a sentença a potiori fit denominatio, a designação da temporalidade agora liberada como tempo originário. STMS: ET65

De acordo com a primazia do porvir, a temporalização modificada ainda há de se transformar, apesar de aparecer no “tempo” derivado. STMS: ET65

O “tempo” que nela, de início, se pode encontrar onticamente torna-se a base da formação do conceito vulgar e tradicional de tempo. STMS: ET66

Mas o que pode haver de comum entre os humores e o “tempo”? Que estas “vivências” vêm e vão, que elas transcorrem “no tempo”, é uma constatação trivial; sem dúvida, e, na verdade, uma constatação ôntico-psicológica. STMS: ET68

Permanece um problema independente o modo em que se deve delimitar, ontologicamente, estímulo e contato dos sentidos em algo apenas-vivo, e o modo, por exemplo, como e onde o ser dos animais é constituído por um “tempo”. STMS: ET68

Mas não será que também pertence à presença (Dasein) existente o fato de, passando o seu tempo, levar cotidianamente em conta o “tempo” e regular a sua “contagem” numa astronomia e num calendário? A orientação só se tornará suficientemente abrangente para que se possa problematizar o sentido ontológico da cotidianidade como tal, no momento em que a interpretação da temporalidade da presença (Dasein) incluir o “acontecimento” cotidiano da presença (Dasein) e a ocupação de contar com o “tempo”, inerente a esse acontecer. STMS: ET71

A presença (Dasein) atravessa o espaço de tempo que lhe é concedido entre os dois limites de tal maneira que, apenas sendo “real” cada agora, ela, por assim dizer, salta por cima da sequência [464] dos agora de seu “tempo”. STMS: ET72

Por isso, antes da discussão do nexo entre historicidade e temporalidade, adiada para o próximo capítulo, dever-se-ia analisar a origem do “tempo” da intratemporalidade a partir da temporalidade. STMS: ET72

Nesse sentido, a historicidade própria de um “tempo” também não se comprova pelo interesse historiográfico altamente diferenciado, que abrange até mesmo as culturas mais primitivas e distantes. STMS: ET76

Existindo faticamente, cada presença (Dasein) “tem” ou “não tem” “tempo”. STMS: ET78

Por que a presença (Dasein) toma “tempo” e pode “perder” tempo? De onde ela toma o tempo? Como esse tempo se comporta frente à temporalidade da presença (Dasein)? A presença (Dasein) fática leva em conta o tempo, sem, no entanto, compreender, existencialmente, a temporalidade. STMS: ET78

E com isso poder-se-á esclarecer tanto o “tempo”, vulgarmente conhecido, “no qual” ocorrem entes, quanto a intratemporalidade desses entes. STMS: ET78

Hegel tenta determinar o nexo entre o “tempo” e o “espírito” para, então, tornar compreensível por que o espírito, entendido como história, “cai no tempo”. STMS: ET78

De modo indiscutível, também compreendemos o “agora em que”, o “então, quando” e o “outrora, quando” num nexo com o “tempo”. STMS: ET79

Todavia, com a compreensão “natural” do “agora”, etc, ainda não se concebe que estes também se referiram ao “tempo”, nem como isso é possível e nem o que significa “tempo”. STMS: ET79

Chamamos de “tempo” a atualização que interpreta a si mesma, ou seja, o que é interpretado e interpelado no “agora”. STMS: ET79

A presença (Dasein) de fato lançada só pode “tomar” tempo e perder tempo porque, com a abertura do pre [das Da], fundada na temporalidade, a presença (Dasein), entendida como temporalidade ekstaticamente estendida, recebe a concessão de um “tempo”. STMS: ET79

Como a ocupação cotidiana se compreende a partir do “mundo” das ocupações, ela conhece o “tempo” que ela toma não como o seu. STMS: ET79

O público do “tempo” é, porém, ainda mais profundo quanto mais a presença (Dasein) fática se ocupa expressamente do tempo, conferindo-lhe uma contagem. STMS: ET79

Do ponto de vista ontológico-existencial, também não se deve buscar o essencial da medição do tempo no fato de o “tempo” datado ser determinado, em seu número, por segmentos do espaço e por mudanças de lugar de uma coisa espacial. STMS: ET80

A medição do tempo realiza um fazer-se público definitivo do tempo, de tal maneira que somente por esse caminho é que se pode conhecer aquilo que, comumente, chamamos de “tempo”. STMS: ET80

Numa primeira aproximação, o “tempo” se mostra justamente no céu, ou seja, lá onde impessoalmente se encontra quando a gente é orientado por ele de forma natural, a ponto de o “tempo” se identificar com o céu. STMS: ET80

De que maneira o “tempo” se temporaliza numa primeira aproximação para a ocupação cotidiana, guiada por uma circunvisão? Em que modo de lidar da ocupação no uso de instrumentos o tempo se torna expressamente acessível? O tempo se torna público com a abertura de mundo e já é sempre ocupado com a descoberta de entes intramundanos, inerente à abertura de mundo. STMS: ET81

 

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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