SZ (STMS) – conceito tempo

No todo dessa tarefa, também se inclui a exigência de se delimitar e distinguir o conceito de tempo, assim conquistado, da compreensão vulgar de tempo, que veio se explicitando numa interpretação do tempo, consolidada em seu conceito tradicional, desde Aristóteles até depois de Bergson. STMS: ET5

Nessa tarefa, deve-se esclarecer que e como esse conceito e a compreensão vulgar do tempo brotam e derivam da temporalidade. STMS: ET5

Com isso, restitui-se ao conceito vulgar de tempo seu próprio direito, por oposição à tese de Bergson, para quem o tempo indicado nesse conceito é espaço. STMS: ET5

Ademais, pela análise do conceito aristotélico de tempo, tornar-se-á claro, retrospectivamente, que a concepção kantiana do tempo se move dentro das estruturas apresentadas por Aristóteles. STMS: ET6

E essa se desdobra, formando o conceito tradicional de tempo. STMS: ET45

O conceito de tempo que pertence à sua experiência vulgar bem como a problemática daí decorrente não podem, portanto, sem um exame, constituir critérios adequados para uma interpretação do tempo. STMS: ET61

O uso terminológico dessa expressão deve, de início, manter distantes todos os significados impostos pelo conceito vulgar de tempo como “futuro”, “passado” e “presente”. STMS: ET65

Os conceitos de “futuro”, “passado” e “presente” nascem, imediatamente, da compreensão imprópria de tempo. STMS: ET65

Com a ajuda do conceito vulgar e tradicional do tempo, de que se vale forçosamente a ciência linguística, nunca se pode colocar o problema da estrutura existencial e temporal dos modos [436] de ação ou aspectos. STMS: ET68

A caracterização feita até agora da temporalidade não é, pois, apenas incompleta, porque nem todas as dimensões do fenômeno foram observadas, mas é, em princípio, deficiente, já que pertence à própria temporalidade uma espécie de tempo do mundo, no sentido rigoroso do conceito existencial e temporal de mundo. STMS: ET78

O como e por que se chega a formar o conceito vulgar de tempo exige um esclarecimento a partir da constituição ontológica, fundada no tempo, da presença (Dasein), que se ocupa do tempo. STMS: ET78

O conceito vulgar de tempo provém de um nivelamento do tempo originário. STMS: ET78

A comprovação dessa origem do conceito vulgar de tempo justifica a interpretação da temporalidade como tempo originário, já antes empreendida. STMS: ET78

Na formação do conceito vulgar de tempo mostra-se uma oscilação curiosa quanto a atribuir ao tempo um caráter “subjetivo” ou “objetivo”. STMS: ET78

Considerando, porém, que a presente análise do tempo, já em seu ponto de partida, se distingue, em princípio, de Hegel e que a sua meta, ou seja, a intenção de uma ontologia fundamental, orienta-se contrariamente a ele, faz-se então necessária uma breve exposição da concepção hegeliana da relação entre tempo e espírito, a fim de esclarecer, indiretamente, e de se concluir, provisoriamente, a interpretação ontológico-existencial da temporalidade da presença (Dasein), do tempo do mundo e da origem do conceito vulgar de tempo. STMS: ET78

O que só é possível, caso se compreenda como a presença (Dasein) cotidiana concebe, teoricamente, “o tempo” a partir de sua compreensão mais imediata do tempo, e em que medida esse conceito de tempo e o seu predomínio lhe obstrui a possibilidade de compreender, partindo do tempo originário, ou seja, como temporalidade, o que ele quer dizer. STMS: ET80

Por isso, a explicação da gênese do conceito vulgar de tempo deve partir da intratemporalidade. STMS: ET80

Toda discussão seguinte a respeito do conceito de tempo atém-se fundamentalmente à definição aristotélica, ou seja, tematiza o tempo tal como ele se mostra na ocupação, guiada por uma circunvisão. STMS: ET81

A interpretação da estrutura plena do tempo do mundo, haurida da temporalidade, é que propicia os fios condutores para se “ver” o encobrimento subsistente no conceito vulgar de tempo e avaliar o nivelamento da constituição ekstática e horizontal da temporalidade. STMS: ET81

Ressaltar a ideia já exposta da temporalidade por oposição ao conceito hegeliano do tempo justifica-se, sobretudo, porque o conceito hegeliano de tempo expõe a [525] elaboração conceituai mais radical e bem pouco considerada da compreensão vulgar de tempo. STMS: ET82

É somente partindo desse conceito dialético-formal do tempo que Hegel pode expor o nexo entre tempo e espírito. STMS: ET82

Porque a inquietação do desenvolvimento do espírito, que se leva para seu conceito, é a negação da negação, resta-lhe como próprio, em se realizando, cair “no tempo”, no sentido de negação imediata da negação. STMS: ET82

Pois “o tempo é o próprio conceito que existe e se representa para a consciência como intuição vazia; por isso, o espírito se manifesta necessariamente no tempo e tanto mais quanto menos ele apreende seu conceito puro, ou seja, tanto menos ele elimina o tempo. STMS: ET82

Enquanto simplesmente dado e, com isso, exterior do espírito, o tempo não possui poder algum sobre o conceito, mas, ao contrário, o conceito “é o poder do tempo”. STMS: ET82

 

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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