SZ:§28.5 – o aí [das Da]

O ente que, por essência, vem a ser constituído pelo ‘ser-no-mundo’, esse ente é ele mesmo a cada vez seu ‘aí’. Seguindo a significação familiar da palavra, o “aí” se refere ao “aqui” e ao “lá”. O “aqui” de um “eu-aqui” compreende-se sempre a partir de um “lá” disponível, e este no sentido do ser que, em des-distanciando e em enquadrando, se preocupa do ‘lá’. A espacialidade existencial do Dasein, a qual lhe determina de certa maneira seu “lugar” (Ort), é ela mesma fundada no ser-no-mundo. O ‘lá’ é isto que determina isto que vem ao encontro de maneira intramundana (innerweltlich Begegnenden). O “aqui” e o “lá” não são possíveis senão em um “aí”, quer dizer na medida que um ente seja, o qual, enquanto ser do “aí”, abriu-revelou (erschlossen) a espacialidade. Em seu ser maus seu, este ente porta o caráter de não ser/estar (re)cerrado (Unverschlossenheit) [(ETJA: Literalmente, o caráter daquilo que não é verschlossen, ou seja, “fechado”. Assim como erschlossen, aberto, a palavra é aplicada no alemão cotidiano a um homem. Cf. supra, página (75). (Nota de E. Martineau)]]. A expressão “aí” designa o ‘ser-aberto-revelado’ (Erschlossenheit) essencial. Graças a este último, este ente (o Dasein), que não faz senão um com o ‘ser-o-aí’ (Da-sein) do mundo [(ETJA: Didier Franck (DFHE:17-18) contrasta essa caracterização do Dasein com outra, que ele extrai da introdução de “O que é metafísica”, cujo significado espacial e local é, para ele, mais acentuado: “Em vez disso, o Dasein é aquilo que deve, antes de tudo, ser experimentado como um lugar (insuficientemente dito: a localidade mortalmente habitada, a região mortal da localidade), a saber, como a localidade da verdade do ser, e então ser pensado de maneira correspondente”.]], é para ele mesmo “aí”. (al. 5)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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