Sloterdijk (2010:C2) – genealogia

Destaque

Vamos agora considerar o que pode ser descrito como uma investigação genealógica no sentido nietzschiano. Como sabemos, a genealogia dá respostas a perguntas sobre a origem. Uma investigação desse tipo, conduzida adequadamente, insiste na diferenciação rigorosa entre ancestrais bons e ruins e, portanto, fornece o modelo de uma disciplina crítica em uma agenda normativa. A oposição entre bom e ruim corresponde à oposição entre nobre e comum. Tradicionalmente, a genealogia pertencia ao arsenal intelectual de pessoas que queriam estabelecer que sua árvore genealógica remontava a origens nobres em tempos antigos. No entanto, ela também é útil para aqueles que querem confirmar sua suspeita de que o surgimento de uma determinada “dinastia” tem suas características obscuras. Não é de surpreender que a perspectiva genealógica possa ter aplicações metafóricas até certo ponto. Nietzsche, em particular, aprimorou a genealogia em uma ferramenta afiada para avaliar tradições culturais.

Aplicado à origem das atitudes teóricas em geral e às ciências em particular, pensar genealogicamente significa investigar se essas grandes ideias realmente vieram do bom histórico que nunca se cansaram de reivindicar para si. Será que a questão da origem já foi suficientemente examinada em relação à teoria? É possível que, quando começarmos a examinar os fenômenos mais de perto, encontremos influências suspeitas e misturas duvidosas na árvore genealógica da filosofia?

Karen Margolis

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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