(Pensar – insisto – e não apenas repetir, fazendo assim como se a interpretação de ser como pre-s-entar se compreendesse por si mesma.) MHeidegger: TEMPO E SER
De onde nos vem a justificativa para caracterizarmos o ser como pre-s-entar? Esta questão é levantada tarde demais. Pois este caráter do ser já decidiu há muito, sem nossa intervenção ou nosso mérito. De acordo com isto estamos comprometidos com a caracterização do ser como pres-entar. Esta recebeu sua legitimação dos inícios do desvelamento do ser como algo dizível, isto é, pensável. Desde o começo do pensamento ocidental junto aos gregos, toda a dicção de “ser” e “é” se mantém na lembrança da determinação do ser como pre-s-entar que compromete o pensamento. Isto vale também para o pensamento que conduz a técnica moderna e a indústria; mas, é claro, apenas em certo sentido. Depois que a técnica moderna instalou sua expansão e domínio sobre toda a Terra, não giram agora somente os sputniks e seus derivados em torno de nosso planeta; mas o ser como pre-s-entar, no sentido de fundos calculáveis, provocará em breve, de maneira uniforme, a todos os habitantes da Terra, sem que aqueles que habitam os continentes, fora a Europa, saibam propriamente disto ou mesmo possam e queiram saber da origem dessa determinação do ser. (Menos simpatia encontra um tal saber, certamente, junto aos que se ocupam com a ajuda ao desenvolvimento, que impelem aos hoje ditos subdesenvolvidos até o âmbito daquele apelo do ser que se faz ouvir no seio daquilo que é mais próprio da técnica moderna.) MHeidegger: TEMPO E SER
De maneira alguma percebemos ser como pre-s-entar, somente e pela primeira vez, na lembrança da primeira apresentação do desvelamento do ser realizada pelos gregos. Percebemos o pre-s-entar em cada simples reflexão suficientemente livre de preconceitos, sobre a pura subsistência e disponibilidade do ente. Disponibilidade, assim como pura subsistência, são modos de pre-s-entar. De modo mais premente mostra-se-nos a amplitude do pre-s-entar quando consideramos que também e justamente o au-s-entar é determinado pelo pre-s-entar, por vezes atingindo as raias do estranho. MHeidegger: TEMPO E SER
Como, porém, deve ser pensado o “Se” que dá ser? A nota introdutória a propósito da aproximação de Tempo e Ser apontou ao fato de que ser como pre-s-ença, pre-s-ente, foi marcado num sentido ainda não determinado, por um caráter temporal e por conseguinte pelo tempo. A partir daí cresce a conjetura de que o Se, que dá ser, que determina ser como pre-s-entar e presentificar, poderia ser encontrado na palavra “tempo” que aparece no titulo Tempo e Ser. MHeidegger: TEMPO E SER