O primeiro fato da análise fenomenológica do mundo-circundante (Umwelt) é que ele está repleto de outros entes que não o Aí-ser. Em alusão ao sentido grego de πράγματα como aquilo de que se faz uso (πρᾶξις) na ocupação cotidiana, o autor opta por descrevê-los como instrumentos (Zeuge) ou ferramentas, indicando assim uma utilidade inerente a eles, em razão da qual são intrinsecamente adaptados a um determinado padrão de propósito que caracteriza a própria ocupação. Eles são entes que estão prontos para serem usados (Zuhandenes) na relação do Aí-ser com o Mundo circundante. Discernir o Ser desses instrumentos será descobrir o que os torna instrumentos, daí sua instrumentalidade, ou o que os constitui como capazes de se revelarem como prontos para o uso.1 [RICHARDSON, William J. H. Heidegger. Through Phenomenology to Thought. New York: Fordham University Press, 2003]
- SZ, pp. 68-69, Clearly to be distinguished from these being-instruments are those beings which are not instruments, sc. those “beings” which for one reason or another have been torn from the purposeful pattern of There-being’s daily commerce. These beings are no less “real” than the instruments, but, deprived of their functional relationship within the dynamic pattern of There-being’s daily commerce, their Being is of a different sort from that of the instruments. To distinguish the two, non-instrumental beings will be called “mere entities” (Vorhandene). At this point the author refuses to use the word “things” (Dinge), for the word implies certain preconceptions about the structure of things. What he means by this we learn in GA5:HW, pp. 12-20. In 1950, the matter no longer presents a problem (GA7:VA, pp. 163-181).[↩]