verschulden
répondre
indebt
ser responsable de algo
O que os alemães chamam de Ursache, o que nós chamamos de causa, foi chamado pelos gregos de aition, aquilo pelo que um outro responde e deve. As quatro causas são os quatro modos, coerentes entre si, de responder e dever. […]
A prata é aquilo de que é feito um cálice de prata. Enquanto uma matéria (hyle) determinada, a prata responde pelo cálice. […] Tanto a prata, em que entra o perfil do cálice, como o perfil, em que a prata aparece, respondem, cada uma, a seu modo, pelo utensílio do sacrifício.
Responsável por ele é, no entanto, sobretudo um terceiro modo. […] O telos responde pelo que, na matéria e no perfil, também responde pelo utensílio sacrificial.
Por fim, um quarto modo responde ainda pela integração do utensílio pronto: o ourives.[GA7, 14]
O ourives reflete e recolhe numa unidade os três modos mencionados de responder e dever. Refletir diz, em grego, legein, logos. Funda-se no apophainestai, no fazer aparecer. O ourives é também responsável, como aquilo de onde parte e que preserva o apresentar-se e repousar em si do cálice sacrificial. Os três modos anteriores de responder devem à reflexão do ourives o fato e o modo em que eles aparecem e entram no jogo de produção do cálice sacrificial.
Assim, no utensílio, que se dá e propõe no culto, regem e vigem quatro modos de dever e responder. Entre si são diferentes, embora pertençam um ao outro na unidade de uma coerência. O que os une antecipadamente? Em que se joga o jogo de articulação dos quatro modos de responder e dever? De onde provém a unidade das quatro causas? Pensando de maneira grega, o que significa responder e dever?
Temos, hoje em dia, a tendência de entender a responsabilidade ou em sentido moral, como culpa, ou, então, como uma espécie de ação. Em ambos os casos, obstruímos o caminho para o sentido originário do que se chamou posteriormente de causalidade. Enquanto este caminho não se abrir, também não perceberemos o que é propriamente a instrumentalidade do que repousa na causalidade.
Para nos precavermos dos mal-entendidos acima mencionados sobre o que é dever e responder, tentemos esclarecer seus quatro modos, a partir daquilo pelo que respondem. Segundo o exemplo dado, eles respondem pelo dar-se e propor-se do cálice, como utensílio sacrificial. Dar-se e propor-se (hypokeisthai) designam a vigência de algo que está em vigor. É que os quatro modos de responder e dever levam alguma coisa a aparecer. Deixam que algo venha a viger. Estes modos soltam algo numa vigência e assim deixam viger, a saber, em seu pleno advento. No sentido deste deixar, responder e dever são um deixar-viger. A partir de uma visão da experiência grega de responder e dever, de aitia, portanto, damos aqui à expressão deixar-viger um sentido mais amplo, de maneira que ela evoque a essência grega da causalidade. [GA7, 15]
Por isso, des-vendando o real, vigente com seu modo de estar no desencobrimento, o homem não faz senão responder ao apelo do desencobrimento, mesmo que seja para contradizê-lo. [GA7, 22]
Pertence ao técnico tudo o que conhecemos do conjunto de placas, hastes, armações e que são partes integrantes de uma montagem. Ora, montagem integra, com todas as suas partes, o âmbito do trabalho técnico. Este sempre responde à exploração da com-posição, embora jamais constitua ou produza a com-posição. [GA7, 24]