Raffoul (2010:284) – pensar segundo a aporia

(Raffoul2010)

Para Derrida, a relação com a aporia é o enfrentamento de uma experiência, a experiência de um limite que precisa ser suportado; como se uma aporia, longe de indicar um fechamento, representasse um limite através do qual algo se anuncia de forma afirmativa. É por isso que não se trata de “parar nela nem superá-la” (A, 32). Em vez disso, Derrida insiste que se trata de “pensar segundo a aporia” (A, 13). As aporias são constitutivas daquilo que elas interrompem e, nesse sentido, são fenômenos positivos. Daí o sentido “positivo” ou “afirmativo” que Derrida sempre atribuiu à desconstrução. Ele esclareceu esse sentido positivo na entrevista à Humanité em 2004, em termos de uma abertura para o que vem: “Um slogan, ainda assim, da desconstrução: estar aberto ao que vem, ao por-vir, ao outro.” No entanto, esse “slogan” deve sempre estar associado ao privilégio “constantemente concedido ao pensamento aporético” (V, 207 n. 3). O aporético é afirmativo, constitutivo. É nesse sentido que a aporia se torna a própria possibilidade de um caminho, de uma via. “A impossibilidade de encontrar seu caminho é a condição da ética” (QE, 73).

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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