geworfenem Entwurf
20) Por “transcendência” concebem-se muitas coisas, que se unem, então, ao mesmo tempo uma vez mais. a) a transcendência “ôntica”: o ente diverso que ultrapassa ainda o ente, em termos cristãos: aquele que cria e que já ascendeu a uma posição para além do ente criado, o criador, na aplicação completamente confusa do termo “transcendência”, a “transcendência” (assim como Sua Magnificência!) = ao próprio Deus, o ente acima do resto dos entes; o abrangente e, assim, universal, denominado de maneira supérflua e para a superelevação da confusão ao mesmo tempo ainda, então, como o “ser”! b) a transcendência “ontológica”: o que se tem em vista é a superelevação, que reside no koinon enquanto tal, a entidade enquanto o geral (gene – categorias – “além” e “antes” do ente, a priori). Aqui, a ligação e o modo do diverso permanecem completamente obscuros; as pessoas se satisfazem com a constatação do koinon e de suas consequências. c) A transcendência “ontológico-fundamental” em Ser e tempo. Aqui, devolve-se à “transcendência” o seu sentido originário: a ultrapassagem enquanto tal, e ela é concebida como distinção do ser-aí, para indicar, com isso, o fato de que esse ente já sempre se encontra no aberto do ente. Com isso, une-se e determina-se ao mesmo tempo de maneira mais próxima a “transcendência” ontológica, na medida em que a transcendência consonante com o ser-aí é concebida de modo precisamente originário enquanto compreensão de ser. Mas uma vez que, então, o conceber é tomado ao mesmo tempo como PROJETO JOGADO, transcendência significa: encontrar-se na verdade do seer, naturalmente sem saber disso e sem inquiri-lo de início. Uma vez que, então, porém, o ser-aí suporta de saída originariamente o aberto do encobrimento, não se pode falar, considerado rigorosamente, de uma transcendência do ser-aí; na esfera desse ponto de partida, a representação da “transcendência” precisa desaparecerem todo e qualquer sentido. d) Essa representação ainda encontra um emprego frequente na consideração da “teoria do conhecimento” que, se iniciando com Descartes, impede de início ao “sujeito” a saída e a ultrapassagem em direção ao “objeto” ou torna essa ligação duvidosa. Mesmo esse tipo de “transcendência” é superada com o estabelecimento do ser-aí, na medida em que ela é de antemão ultrapassada. e) “Transcendência” abrange por toda parte a saída do “ente” tomado como conhecido e familiar para um ir além disso, de algum modo dirigido. Visto a partir da pergunta fundamental pela verdade do seer, reside aí um atolar-se no modo de questionamento da questão diretriz, isto é, na metaflsica. Com a transição para a questão fundamental, porém, toda metafísica é superada. Essa transição, contudo, precisa meditar, por isso, tanto mais claramente sobre as formas do platonismo que ainda a envolvem e que são inevitáveis, ainda que essas formas só continuem determinando-a na defensiva. [tr. Casanova; GA65: 110]
Na abertura da essenciação do seer torna-se manifesto que o ser-aí não realiza nada, a não ser iniciar o contraimpulso do acontecimento da apropriação, isto é, a não ser inserir nesse contraimpulso e, assim, se tornar ele mesmo: o que guarda o PROJETO JOGADO, o fundador fundado do fundamento. [tr. Casanova; GA65: 122]
Além disto, o compreender como projeto é um PROJETO JOGADO, o chegar ao aberto (verdade), que já se encontra em meio ao ente aberto, enraizado na terra, soerguendo-se em um mundo. Assim, o com-preender do ser como fundação de sua verdade é o contrário da “sub-jetivação”, uma vez que superação de toda subjetividade e dos modos de pensar que lhe são determinantes. [tr. Casanova; GA65: 138]
No compreender como PROJETO JOGADO reside necessariamente, de acordo com a origem do ser-aí, a viragem; o que joga o projeto é um jogado, mas somente na jogada e por meio dela. Compreender é performance e assunção da insistência que suporta, ser-aí; assunção como sofrimento, no qual o que se fecha se abre como sustentador e vinculante. [tr. Casanova; GA65: 138]
Na medida em que o jogador projeta, reabrindo a abertura, desentranha-se por meio da reabertura o fato de que ele mesmo é o jogado e não realiza nada senão capturar a contraoscilação no seer, isto é, senão voltar para o interior dessa oscilação e, com isso, para o interior do acontecimento apropriador, de tal modo que, assim, ele se torna pela primeira vez ele mesmo, a saber, o guardião do PROJETO JOGADO. [tr. Casanova; GA65: 182]
O ser-aí jamais se deixa de-monstrar e descrever como algo presente à vista. Ele só pode ser conquistado hermeneuticamente, o que significa, porém, de acordo com Ser e tempo, que ele só pode ser conquistado no PROJETO JOGADO. Por isto, não arbitrariamente. O ser-aí é algo completamente in-habitual, algo enviado de maneira destinamental muito antes de todo conhecimento do homem. [tr. Casanova; GA65: 198] [Todo projeto é um PROJETO JOGADO] Por isso, nenhuma constatação de algo dado alcança o verdadeiro. E o orientar-se re-presentativo pelo dado pode ainda menos tornar visível a essência do verdadeiro, a verdade, mas sempre apenas a correção. Mas o que isso significa: o PROJETO JOGADO? Quando e como tem sucesso um projeto? [tr. Casanova; GA65: 263]
Sob o modo de uma introdução, a compreensão de ser tem em Ser e tempo um caráter transitoriamente ambíguo; de maneira correspondente, o mesmo vale para a caracterização do homem (“ser-aí humano”, o ser-aí no homem). A compreensão de ser é por um lado, olhando retrospectivamente por assim dizer de maneira metafísica, concebida como o fundamento de qualquer modo não fundado do transcendental e em geral da re-presentação da entidade (remontando até a idea). A compreensão de ser é, por outro, (uma vez que a compreensão é concebida como pro-jeto e esse projeto como PROJETO JOGADO) a indicação da fundação da essência da verdade (caráter manifesto; clareira do aí; ser-aí). A compreensão de ser pertencente ao ser-aí – esse discurso se torna supérfluo, ele diz duas vezes e até mesmo de maneira atenuada o mesmo. Pois o ser-aí “é” justamente a fundação da verdade do seer como acontecimento apropriador. A compreensão de ser movimenta-se na diferenciação entre entidade e ente, sem já fazer “valer” a origem da diferenciação a partir da essência da decisão do seer. Compreensão de ser, porém, é por toda parte o contrário, sim, ainda algo essencialmente diverso disso: tornar o seer dependente do visar humano. Onde vigora a destruição do sujeito, como é que o ser ainda pode se transformar em algo “subjetivo”? [tr. Casanova; GA65: 264]
1) A que pico devemos subir para que possamos visualizar livremente o homem em sua indigência essencial? Ao fato de sua essência ser para ele uma propriedade e, por isso, uma perda, e, em verdade, a partir da essenciação do seer. Por que tais picos são necessários e ao que eles visam? 2) O homem se desencaminhou de maneira obtusa no que é “apenas” ente ou ele foi impelido a isso pelo seer? Ou será que ele foi simplesmente pendurado pelo seer e entregue a um egoísmo? (Essas questões movimentam-se na diferenciação entre ser e ente). 3) O homem, o animal pensante, como fonte subsistente das paixões, impulsos, dos estabelecimentos de metas e valorações, dotado de um caráter etc. Esse elemento a qualquer momento constatável, que pode contar seguramente com a concordância de todos, sobretudo quando todos estão de acordo em não perguntar mais e não deixar ser senão aquilo que para cada um é: a) Como o que nós nos deparamos com o homem. b) O fato de que nós nos deparemos com ele. 4) O homem é o que retorna no livre lançamento (PROJETO JOGADO); nós precisamos compreender ser, quando… 5) O homem, o guardião da verdade do seer (fundação do ser-aí). 6) O homem, nem “sujeito”, nem “objeto” da “história”, mas apenas o ente mobilizado pelo vento da história (acontecimento apropriador) e arrastado concomitantemente para o interior do seer, pertencente ao seer. Clamor da urgência, assunção da responsabilidade em meio à guarda. 7) O homem como o estrangeiro no lance livre expelido, o estrangeiro que não retorna mais do abismo e mantém nessa estrangeiridade a vizinhança longínqua. [tr. Casanova; GA65: 272]