pre-sentar

Quando Hegel interpreta o ser a partir da subjetividade absoluta especulativo-dialeticamente como o indeterminado imediato, o universal abstrato e neste horizonte da filosofia moderna, explica as palavras gregas fundamentais para o ser: Hen, Logos, Idea, Energeia, somos tentados a julgar que tal interpretação é historicamente incorreta.

Ora, qualquer enunciação histórica e sua fundamentação já se movem numa relação com a história. Antes da decisão sobre a correção histórica da representação necessita ela por isso de uma reflexão sobre o fato e o modo como a história é experimentada, de onde ela é determinada em seus rasgos fundamentais.

No que se refere a Hegel e aos gregos isto significa: precede a todas as enunciações certas ou erradas sobre a história o fato de que Hegel experimentou a essência da história a partir da essência do ser no sentido da subjetividade absoluta. Até o momento não existe uma experiência da história que, sob o ponto de vista filosófico, corresponda a esta experiência hegeliana da história. Mas a determinação especulativo-dialética da história traz justamente como consequencia o fato de para Hegel ter sido vedado descobrir a Aletheia e seu imperar propriamente como a questão do pensamento; isto aconteceu exatamente na filosofia que determinara “o reino da pura verdade” como “a meta” da filosofia. Pois Hegel experimenta o ser quando o concebe como o indeterminado imediato, como posto pelo sujeito que determina e compreende. Consequentemente não é ele capaz de libertar o ser no sentido grego, o einai, da referência ao sujeito para então entregá-lo à liberdade de seu próprio acontecer fenomenológico. Este, porém, é o pre-sentar, quer dizer, o surgir contínuo desde o velamento para o desvelamento. No pre-sentar se manifesta a desocultação. Ela acontece no Hen e no Logos, isto é, no jazer-aí unificando e recolhendo — quer dizer, no deixar demorar-se como presença. A Aletheia acontece na ldea e na koinonia das ideias, na medida em que estas se manifestam umas às outras, constituindo, desta maneira, o ente-ser, o ontos òn. A Aletheia acontece na Energeia, que nada tem a ver com actus e nada com atividade, mas somente com o érgon experimentado em seu sentido grego e seu caráter de ser-pro-duzido para dentro do pre-sentar. (GA9; MHeidegger: Hegel e os gregos)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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