Patocka (1999:24-27) – a “abertura”

destaque

A abertura designa a possibilidade fundamental do homem: a possibilidade de que o ente (o ente que é do mesmo modo que ele — o ente aberto —, assim como o ente que carece desse traço) se mostre a ele por si mesmo, isto é, sem a mediação de outro ente. (Isto não quer dizer que não haja mostração mediada, mas todo o reenvio, toda a re-mostração pressupõe uma mostração primária à qual e dentro da qual remete: a linguagem, por exemplo, mostra ao outro o que se mostra a nós próprios). O fato de o ente pode mostrar-se a ele, que pode tornar-se um fenômeno para ele, isto é, manifestar-se naquilo que é e como é, é a essência específica do homem. O homem não é um lugar onde o ente se cria a fim de poder manifestar-se no original, tal como a “mente” humana não é uma coisa dentro da qual os fenômenos se refletem como outros tantos efeitos do “mundo exterior”. O homem fornece ao ente a ocasião de mostrar-se tal como é, pois unicamente em seu ser-aí que está presente a compreensão disto que ser significa, uma possibilidade que as coisas não têm por si mesmas — a possibilidade de acceder ao seu ser, isto é, de se tornarem fenômenos, de se manifestarem.

Erazim Kohäk

Erika Abrams

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress