Patocka (1995:17-18) – o movimento subjetivo postula o ente diretamente

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Parece-me que há uma característica do movimento subjetivo que não se aplica nem às realizações perceptivas do corpo nem à objetivação em geral. A percepção, tal como o resto da objetivação, nunca chega ao fim, está sempre dispersa em novos referentes; para ela, o ser nunca é apreendido de forma definitiva e exaustiva, em si mesmo, mas permanece em perspectiva. O movimento, por outro lado, postula o ente diretamente, realizando ou detraindo o ente enquanto tal. O movimento pressupõe também a coincidência direta entre o subjetivo e o objetivo, só sendo possível porque um corpóreo (Körperliches) se submete ao nosso subjetivo “eu posso” ou “eu faço”. O movimento subjetivo está sempre aí, com a dação de sentido, fundado em mim mesmo, incapaz de estar sem mim mesmo; além disso, o “eu posso”, que passa a um “eu faço”, e o “eu faço”, que se baseia num “eu posso”, nunca podem ser um objetivo vazio, na medida em que tem de haver movimento subjetivo.

original

[PATOCKA, J. Papiers phénoménologiques. Erika Abrams. Grenoble: J. Millon, 1995, p. 17-18]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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