Patocka (1992:181-183) – “coisa” em Física

destaque

Na realidade, a coisa em Física não é outra coisa senão precisamente a mesma coisa de que falamos e com que nos explicamos na esfera pré-científica, através do nosso comércio e comportamento quotidianos. É a mesma coisa, submetida a certas operações metódicas de idealização e de formalização que a fenomenologia reconduz à sua origem, mostrando que a constituição da coisa física corresponde a uma objetivação mais rigorosa, de grau superior, que caminha para a precisão e a identidade dos dados através da geometrização das formas, método cuja aplicação se estende progressivamente também aos momentos qualitativos. Não se trata, portanto, de uma ruptura de nível que nos dá acesso a uma realidade diferente, mas de um simples arranjo metódico da realidade que aparece. As ciências naturais modernas, que não têm em conta a gênese do sentido (tanto quanto a constituição fenomenológica) do seu objeto, compensam-no pela construção metafísica de uma relação causal entre a realidade física “verdadeira”, transcendente, puramente quantitativa, e a sua imagem subjetiva na nossa consciência. O nosso corpo é então simplesmente uma componente do mundo exterior, um aparelho no interior do qual — por alguma razão — certos processos físicos são traduzidos num “código” paralelo, uma transposição que, deste ponto de vista fisicalista, se chama “processo de consciência”.

Erazim Kohak

Erika Abrams

[PATOCKA, Jan. Introduction à la phénoménologie de Husserl. Grenoble: Jérôme Millon, 1992]

  1. See Edmund Husserl, Crisis of European Sciences and Transcendental Phenomenology, §, pp. 21-60. (Ed.) [↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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