De um singular a outro, há contiguidade, mas sem continuidade. Há proximidade, mas na medida em que o extremo do próximo acentua o afastamento que o perfaz. Todo o ente toca todo o ente, mas a lei do toque é a separação, e mais ainda, é a heterogeneidade das superfícies que se tocam. O contato está além do cheio e do vazio, além do ligado e do desligado. Se “entrar em contato” é começar a fazer sentido um para o outro, essa “entrada” não penetra em nada, em nenhum “meio” intermediário e mediador. O sentido não é um meio no qual estaríamos imersos: não há “meio-lugar”, é um ou outro, um e outro, um com o outro, mas nada de um a outro que seria ainda uma outra coisa que não um ou outro (uma outra essência, uma outra natureza, uma generalidade difusa ou infusa). De um a outro, há a repetição sincopada das origens-do-mundo que são, cada vez, um ou outro.
(NESP)