Unzuhause

le hors-de-chez-soi (EtreTemps)

Haus é “casa, lar”. “Estar em casa” é zu hause sein ou zuhause sein. “Não estar em casa” é, assim, Nicht-zuhause-sein. Na cotidianidade dominada pelo impessoal, dasein sente-se em casa. A angústia rompe a familiaridade e “o ser-em assume o ‘modo’ existencial do não-estar-em-casa (Un-zuhause)”. A falta de morada é nossa condição primária e nos impele a procurar um lar: “A fuga de-cadente para o sentir-se em casa da publicidade foge de não sentir-se em casa (vor dem Unzuhause), isto é, da estranheza, Unheimlichkeit, inerente a Dasein enquanto ser-no-mundo lançado para si mesmo em seu ser” (SZ, 189). Posteriormente, este pensamento adquire uma conotação mais histórica: “A estranheza (Unheimische) dos entes enquanto tais traz à luz a falta de morada (Heimatlosigkeit) do homem histórico em meio aos entes como um todo” (GA6I, 394s/N4, 248). Esta falta de morada conduz o homem para “a conquista do planeta Terra e para a aventura no espaço cósmico”: “O homem sem morada se deixa conduzir — pelo sucesso da sua empreitada e da sua organização de massas cada vez maiores de seres da sua própria espécie — para a fuga da sua própria essência, com o intuito de representar essa fuga como o seu retorno para a morada (Heimkehr), para a verdadeira humanidade do homo humanus e para a responsabilidade em relação a si mesmo” (GA6I, 395/N4, 248). Mas não são apenas os modernos que se deixam conduzir pela falta de morada. Sófocles também, segundo a leitura (controversial) de Heidegger, sustentou que as realizações do homem são provocadas pela Unheimlichkeit (GA40, 111ss/123ss). (DH)