Zeitig, “que acontece no tempo certo”, por conseguinte, “oportuno”, deu origem a zeitigen, “deixar/fazer amadurecer, levar à maturidade, realizar, produzir”. Seu parentesco com Zeit perdeu-se no alemão comum, mas Heidegger o recupera, usando (sich) zeitigen no sentido de “produzir (a si mesmo) no tempo, improvisar, temporalizar (a si mesmo)”. Seu significado fundamental é “produzir” e não “cronometrar”. Heidegger também não utiliza o verbo zeiten, que possui aproximadamente este significado. Ele se aplica, neste sentido especificamente heideggeriano, à temporalidade (“A oportunidade temporaliza, ela temporaliza possíveis modos de si mesma” (SZ, 328)); a aspectos da temporalidade (“o horizonte de um presente temporaliza a si mesmo” (SZ, 365)); e a Dasein: “À medida que Dasein temporaliza a si mesmo, um mundo também é” (SZ, 365)). Duas ideias subjazem a tais locuções: 1. As coisas diferem em seu ser ou natureza; para evitar homogeneizá-las do modo tradicional, deveríamos atribuir-lhes diferentes palavras: “O tempo não possui o modo de ser de nada mais; o tempo temporaliza” (GA21, 410). 2. Algumas “coisas” em particular não são entidades, objetos ou substâncias: Dasein, embora seja uma entidade, é uma entidade peculiarmente ativa, mais como o fogo do que como uma pedra. A temporalidade não é uma entidade, um recipiente ou uma substância, é mais como uma atividade: “A temporalidade não ‘é’ absolutamente uma entidade. Ela não é\ ela temporaliza a si mesma” (SZ, 328).