ser-resolvido

Caracterizámos o “ser-resolvido” (Entschlossenheit) como sendo o ato do Dasein que se projeta para o “ser-obrigado” (Schuldigsein) que é mais seu, sobrecarregando-se [zumuten] de angústia (Angst) e permanecendo em silêncio. Este “ser-obrigado” participa no Ser do Dasein e significa: o “ser-fundo-origem” inválido de uma invalidade (nichtiger Grundsein einer Nichtigkeit.). O fato de ser “obrigado”, um fato que participa no Ser do Dasein, não admite nem aumento nem diminuição. Está para além da quantificação, se é que a quantificação tem de fato algum significado. Da mesma forma, não é de vez em quando, e depois de novo, não mais, que o Dasein é essencialmente obrigado. A “vontade-de-ter-consciência (Gewissen-haben-wollen) da obrigação” toma este lado do “ser-obrigado”. É o próprio sentido do “ser-resolvido” projetar-se para este “ser-obrigado”, na medida em que este “ser-obrigado” é o Ser que o Dasein, enquanto ser, é. Por conseguinte, no “ser-resolvido”, a assunção existencial desta “obrigação” (Schuld) só se realiza corretamente quando o “ser-resolvido”, ao abrir-revelar (Erschließen) o Dasein, atingiu uma lucidez tal que compreende o “ser-obrigado” como sendo contínuo. Mas esta Compreensão só se torna possível da seguinte forma: o Dasein abre-revela o seu “poder-ser e saber-ser” (Seinkönnen) “para o seu próprio fim” (bis zu seinem Ende). No entanto, existencialmente, para o Dasein, “ser-para-o-fim” (Zu-Ende-sein) significa: “ser-que-tem-o-seu-fim-em-perspetiva” (Sein zum Ende). É como um “ser-que-tem-o-seu-fim-em-perspetiva” compreensivo, isto é, como um Ser que antecipa a morte (Vorlaufen in den Tod), que o “ser-resolvido” se torna verdadeiramente o que pode ser. O “ser-resolvido” não “tem” apenas uma ligação com a antecipação (Vorlaufen), na medida em que esta última seria ela própria um novo. Ele contém em sisi mesmo o seu próprio “ser-que-tem-morte-em-perspetiva” como a modalidade existencial possível do seu próprio “ser-referido-para-si” (ihrer eigenen Eigentlichkeit). Esta “ligação” tem de ser especificada ao nível fenomenal. (al. 2) (ETJA:§62)

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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