Leere, le vide, o vazio, emptiness, el vacío
O “vazio” (Leere) também não é a mera insatisfação (Unbefriedigung) de uma expectativa (Erwartung) e de um desejo (Wiinschens). Ele é apenas como ser-aí (Da-sein), isto é, como a retenção (Verhaltenheit) (cf. Visão prévia, 13. A retenção), o manter-se (Ansichhalten) diante da renúncia hesitante (zogernden Versagung), por meio da qual o tempo-espaço se funda como os sítios instantâneos da decisão (Augenblicksstatte der Entscheidung).
O “vazio” é do mesmo modo e propriamente a plenitude do ainda indecidido (Nochunentschiedenen), a ser decidido (Entscheidenden), o a-bissal (Ab-griindige), o que aponta para o fundamento, para a verdade do ser (Wahrheit des Seins).
O “vazio” é a indigência preenchida do abandono do ser (die erfullte Not der Seinsverlassenheit), mas esse já voltado para o aberto (Offene) e, com isso, referido à unicidade do seer (Einzigkeit des Seyns) e de sua inesgotabilidade (Unerschopflichkeit).
O “vazio” não como o concomitantemente dado de uma precariedade (Mitgegebene einer Bedurftigkeit), como sua indigência (Not), mas muito mais como a indigência da retenção (Not der Verhaltenheit), que é em si um projeto (Entwurf) irrompendo. Assim, ele se mostra como a tonalidade afetiva fundamental (Grundstimmung) do pertencimento mais originário (ursprünglichsten Zugehorigkeit).
A denominação como “vazio” para aquilo que se abre no acontecimento apropriador da retenção (Er-eignung der Verhaltenheit) para a renúncia hesitante (zogernden Versagung) não é, por isso, determinada de maneira apropriada e continua sendo sempre determinada de maneira exagerada a partir do erigir dificilmente superável junto ao espaço da coisa e junto ao tempo do processo. (GA65:§242; GA65MAC:372)
VIDE: Leere