Kunst, arte, the art, Kunstwerks, obra-de-arte, obra de arte, work of art
Mito, como narração, e Arte, como expressão estética, são produtos da realização humana. O Mito e a Arte, como produtos da realização humana, nos remetem ao homem que, através do ato de realização de si, produz coisas da sua causa como narração e expressão. Temos assim o esquema, expresso no modelo: sujeito —> ato <— objeto, nomeadamente, artista —> ação criadora artística <— obra de arte. Vamos chamar todo esse conjunto simplesmente de Arte. O conjunto esquemático sujeito-ato-objeto vale para toda e qualquer produção cultural. O que distingue em concreto a produção artística de outras produções culturais, portanto, a sua diferença, i. é, a sua identidade enquanto produção artística é o que vige, impera como caráter todo próprio no conjunto Arte. Convenhamos chamar essa vigência toda própria de essência da Arte. O verbo esse é latim e significa ser (verbo). Assim, essência diz ência, i. é a dinâmica do verbo esse, de ser. A dinâmica de ser não é nenhuma coisa. Não pode ser, pois captada no modo como captamos coisa, isso e aquilo. Trata-se, pois daquela presença, daquela pregnância, da tonância que determina o ser da Arte ou a Arte na dinâmica de ser: o próprio da Arte, ou o evento (Ereignis) da Arte1. Mas se dizemos que a essência da Arte não pode ser captada, como captamos coisa, referimos essência, de algum modo, à coisa. Que realidade é essa, a coisa, para podermos dizer que a essência da Arte não é nenhuma coisa? (Excerto de HARADA, Hermógenes. Iniciação à Filosofia. Exercícios, ensaios e anotações de um principante amador. Teresópolis: Daimon, 2009, p. 19)
VIDE: (Kunst->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=Kunst)
arte (SZ)
art (EtreTemps)
art (BT)
Art (Kunst), 23 (deep within the soul), 127 (judged by the they); “artistic” interpretation of useful things, 68fn. See also Literature; Poetry (BTJS)
Arte: o trazer-a-emergir-diante (Her-vor-bringen) requerido no acontecimento de apropriação da clareira do encobrir-se – do pôr a coberto no formado (Ge-bild).
Trazer-a-emergir-diante e dar forma (Bilden): cf. Sprache und Heimat (Língua e terra-mäe), Aus der Erfahrung des Denkens (A partir da experiência do pensar). (GA5, Borges-Duarte)
ARS, ARTE, ARTESANAL; SABER PODER (KUNST, KÖNNEN) (Kunst: Arte (em latim ars (-tis), na acepção de artesanal); können: poder, saber poder)
O adjetivo artesanal diz respeito à habilidade ou ao hábito de uma classe de trabalhadores, denominados artesãos, na confecção de um artefato. No pensamento medieval, essa habilidade, no entanto, não se referia primordialmente só à produção do objeto arte-fato. Pois o artefato aqui não era propriamente um objeto fabricado, mas sim uma obra, em cuja elaboração, a própria humanidade do artesão, isto é, o ser do homem se perfazia, vinha a se tornar cada vez mais ser próprio. A obra não era outra coisa do que o vir à luz, o vir a uma determinada consumação desse perfazer-se ou realização do próprio ser dessa existência vivida e assumida pelo medieval. A habilidade do artesão em latim se diz ars (-tis). Trata-se, pois, da competência de um agir todo próprio, cujo modo de ser se caracteriza como um saber que está por dentro de e capta a dinâmica da possibilidade de ser, do poder ser. Esse saber no alemão é Kunst. Kunst vem do verbo können, que significa saber poder. Na ars, na Kunst não se trata da potência de uma força natural, mas sim de uma possibilidade da concreção humana na habilitação do seu ser, conquistada a duras penas, a partir de um dom natural, e tornada sua segunda natureza, denominada virtude (em latim virtus, isto é, vigor do varão). A um tal saber poder se chega mediante o empenho de busca, no uso da inteligência e vontade, isto é, no exercício da liberdade, em contínuo e bem orientado exercício de aprendizagem. É dom de uma conquista, pois o surgir, crescer e consumar-se na realização desse perfazer-se não são causados simplesmente pelo arbítrio de quem busca, mas salta da total disponibilidade de dar de si o melhor para acolher a possibilidade finita, concedida gratuitamente de antemão à pessoa, que se encontra em busca; e da prontidão cordial em seguir (o seguimento) a condução que lhe vem ao encontro, do fundo dessa própria possibilidade. É desse encontro do empenho de total doação de si e do dom da possibilidade gratuita que salta a possibilidade do ser inteiramente novo como obra de uma criação, do perfazer-se de si, como obra da perfeição. (Giachini)