Kisiel (1995:169) – o que é fenomenologia?

tradução

O que é fenomenologia? O que é um fenômeno? Estas questões só podem ser esclarecidas através de uma indicação formal! Toda a experiência (tanto a experiência como o experienciado) pode ser “levada ao fenômeno”, isto é, considerada de acordo com o sentido original daquilo que é experienciado nela: 1) segundo o sentido originário do conteúdo, 2) o modo originário de ser experienciado (sentido relacional) e, finalmente, 3) o modo como este sentido relacional é ele próprio atualizado (sentido de atualização). Nesta ordem esquemática e externa, parece que estes sentidos estão simplesmente ao lado uns dos outros, externamente. Não é o caso. É simplesmente uma questão de ver a “direção-do-problema” da fenomenologia, a sua tarefa básica, o seu foco simples e único. A fenomenologia não é senão a explicação compreensiva dos fenômenos. Ela dá o logos dos fenômenos, logos não como logificação mas no sentido de “palavra interna” (verbum internum), aquilo que se dá no fenômeno, de modo que o modo de explicação é determinado pelo próprio fenômeno e não por uma atitude teórica ideal. E, como formalmente indicado, o fenômeno é uma totalidade de sentido segundo três direções de sentido, a do conteúdo, a da relação e a da atualização. Seguindo este esquematismo intencional, a fenomenologia é, consequentemente, a explicação desta totalidade triádica de sentido.

original

What is phenomenology? What is a phenomenon? Such matters themselves can be made clear only by means of a formal indication! Every experience (as experiencing as well as the experienced) can be “taken into the phenomenon,” that is, considered according to the original sense of that which is experienced in it: 1) according to the original sense of the content, 2) the original how of being experienced (relational sense), and finally 3) the how in which this relational sense is itself actualized (actualization sense). In this schematic and external order, it seems as if these senses simply stand next to one another externally. This is not the case. It is simply a matter of seeing the “problem-direction” of phenomenology, its basic task, its simple and single focus. Phenomenology is nothing but the understanding explication of the phenomena. It gives the logos of the phenomena, logos not as logification but in the sense of “internal word” (verbum internum), that which gives itself in the phenomenon, so that the manner of explication is determined by the phenomenon itself and not by an ideal theoretical attitude. And as formally indicated, the phenomenon is a sense totality according to three directions of sense, that of content, relation, and actualization. Following this intentional schematism, phenomenology is accordingly the explication of this triadic sense totality.

[KISIEL, Theodore. The Genesis of Heidegger’s Being and Time. Berkeley: University of California Press, 1995, p. 169]