Jocelyn Benoist (2001:45-49) – dar-se (es gibt)

destaque

O que considero interessante na noção de “dado”, tal como é comumente utilizada pelas duas grandes tradições filosóficas do nosso século, é o fato de estar imediatamente aberta à crítica e ao criticismo. Atualmente, está sob ataques violentos, que não são, evidentemente, inteiramente novas. Este é, desde o início, um dos pontos, senão o ponto, criticado na fenomenologia, que, enquanto modo de pensar o “dado”, é suspeita de uma certa forma de intuicionismo ingênuo, ou de dogmatismo. Por outro lado, é também o ponto em que, na tradição analítica, uma certa crítica de inspiração wittgensteiniana se volta internamente contra o positivismo lógico. A tese do “dado” parece conduzir a um absurdo que pode ser resumido simplesmente: se há um dado, ele tem de ser dado; no entanto, parece absolutamente impossível apresentá-lo, “dá-lo” a si próprio como um “puro dado”. O próprio “dado” nunca é dado. É sempre já dito, formado, constituído, organizado, dependendo de falarmos a linguagem do idealismo transcendental clássico ou aquela forma subtil de idealismo linguístico que poderia muito bem ser uma certa versão da filosofia analítica.

original

  1. Cf. J. Mac Dowell, Mind and the World, Harvard University Press, Cambridge (Mass.), 1994. Cf. aussi Jacques Bouveresse, Langage, perception et réalité, t. I : La perception et le jugement, Nîmes, Jacqueline Chambon, 1995, qui relativise ces critiques, tout en les suivant assez loin.[↩]

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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