(JEVH)
Esse termo, que etimologicamente remete à ideia de ação (-ung) de uma sombra (Schatten) que se destaca (ab-), de uma silhueta que se delineia, foi geralmente traduzido, em vez do antigo termo emprestado da técnica do desenho — adumbração, que corresponde muito exatamente a ele, mas que seria demasiado rebuscado —, por perfil, no sentido de um delineamento que já se desenha mais ou menos no horizonte, mas com a condição de entender que não se trata de algo que se inscreveria no registro da significação, como se fosse um rascunho (Entwurf). Pois esse termo define o caráter que se liga ao surgimento de um “aparecente” espacial no domínio originário da percepção, e, mais especificamente, da percepção visual, no sentido de que ele nunca pode ser dado senão de um certo lado, em perspectiva, através de tais e tais contornos, sem que jamais sua frente e seu verso possam aparecer simultaneamente. Isso significa que o termo expressa a característica eidética fundamental de tudo o que surge como um objeto posteriormente constituível no nível genealógico mais básico do funcionamento intencional, ou seja, onde intervém sua primeira modalidade, a modalidade perceptiva, na medida em que cada uma de suas doações atuais só pode ser, por definição, incompleta, devido precisamente à multiplicação infinita de referências a outras doações possíveis que ela implica a todo momento.