(JEVH)
Einfühlung designa o fato de experimentar um sentimento (fühlen) que faz com que se penetre (ein) na própria compreensão daquilo a que ele se refere. Esse termo foi traduzido às vezes como [36] intropatia, outras vezes como empatia, sem que seja possível decidir verdadeiramente entre essas duas soluções, já que ambas têm o mérito de manter a referência à dupla composição etimológica da palavra, utilizando a mesma raiz grega que aparece no substantivo pathos (estado sentido) e acrescentando-a a dois prefixos latinos de sentidos aproximadamente equivalentes.
No entanto, embora esse termo seja de uso comum em alemão, expressando algo como uma compreensão por meio do sentimento e podendo, portanto, ser aplicado aos domínios mais diversos, especialmente ao da arte (como Meinong havia feito, por exemplo, em 1902, em sua obra Sobre as Suposições), Husserl decidiu usá-lo, a partir de 1905 e de seu encontro com Lipps, para designar, em condições características, o tipo de vivido intencional que diz respeito à constituição do sentido do outro por cada ego individual, em oposição a todos os vividos que podem se referir a outros tipos de objetos. Trata-se, portanto, da abertura de cada meio intencional para um campo intersubjetivo onde existem outros egos, já que esses outros egos nunca poderiam ser apreendidos de acordo com o sentido que lhes é verdadeiramente próprio se fossem simplesmente classificados no domínio da objetividade em geral.
Isso mostra o quanto a introdução desse termo no vocabulário de Husserl marcou o surgimento, em seu pensamento, de uma problemática específica na qual o outro passou a desempenhar um papel cada vez mais fundamental, em consonância com o que é comumente sentido, como o próprio termo, tão usual, sugeria ao remeter a um tipo de atitude que todos podem experimentar no cotidiano. Assim, Husserl poderia acreditar que seria facilmente compreendido nesse ponto. No entanto, tudo aconteceu como se, ao se engajar nesse esforço para esclarecer o que ele chamou tão belamente, no § 95 de Lógica Formal e Lógica Transcendental, de “o canto escuro onde retornam, para as crianças filosóficas, os fantasmas do solipsismo” (p. 318), ele tivesse se arriscado em uma posição em que o caráter radical de seu método redutor, tomado em seu estágio final de formulação monádica, deveria [37] inevitavelmente se chocar com uma incompreensão duradoura, mesmo que o recurso à noção de Einfühlung, em seu aspecto mais imediatamente manifesto, devesse ter permitido a seus leitores superá-la sem dificuldade.