Haugeland (2013:8-10) – Dasein

destaque

(…) De acordo com a primeira frase do livro propriamente dito (SZ 41), somos nós próprios Dasein. Mas esta é a frase mais mal compreendida de todo o Heidegger. Porque os leitores supuseram que “Dasein é apenas um termo novo para “pessoa” (ou “ego” ou “mente”) — por outras palavras, que cada um de nós é ou tem um Dasein, e que há um Dasein para cada um de nós. Isto está errado, e a primeira indicação é um simples ponto textual. ‘Pessoa’ é um substantivo contável (podemos “contar” uma pessoa, várias pessoas, e assim por diante); Dasein (virtualmente) nunca é usado como um substantivo contável. Por outro lado, também não é um substantivo de massa (tal como “água” ou “ouro”); o Dasein não pode ser medido (por exemplo, em galões ou onças), tal como não pode ser contado. Gramaticalmente, “tuberculose” é uma analogia mais próxima. Não contamos a “tuberculose” nem medimos as suas quantidades; ela surge, antes, em ocorrências ou casos distintos (que podem, evidentemente, ser contados). Uma pessoa é como uma ocorrência ou um “caso” de Dasein — exceto que não há apropriação da tuberculose, e muito menos passar por sobre ela. O Dasein não é uma espécie de que somos espécimes, um tipo de que somos símbolos, uma característica que temos, um espírito que está em nós, uma condição em que nos encontramos, ou mesmo um todo de que fazemos parte (embora isso esteja mais próximo). As pessoas estão para o Dasein como os jogos de basebol estão para o basebol, como os enunciados estão para a linguagem, como as obras estão para a literatura. O Dasein é o fenômeno global, constituído inteiramente pelas suas “ocorrências” individuais e, no entanto, pré-requisito para que qualquer uma delas seja o que é. O inglês carece de uma palavra convincente para esta relação, pelo que me contento em dizer que uma pessoa é um caso de Dasein.

original

  1. In the book manuscript of Dasein Disclosed, Haugeland chose to treat ‘dasein’ as a naturalized English word, uncapitalized. In this paper he had not yet made that choice, and his capitalization of ‘Dasein’ has been retained to acknowledge that later change in his thinking about how to present Heidegger in English. In some of Haugeland’s other previously published papers, ‘Dasein’ was capitalized against his intentions, due to copyediting decisions for consistency throughout an edited volume. In those cases, the lower case dasein’ has been restored.—Ed.[↩]
  2. Compare this with Dewey’s remark about “mind” (which he clearly distinguishes from personal consciousness): “the whole history of science, art and morals proves that the mind that appears in individuals is not as such individual mind. The former is in itself a system of belief, recognitions, and ignorances, of acceptances and rejections, of expectancies and appraisals of meaning which have been instituted under the influence of custom and tradition” (1925, ISO; compare 184). [The later view identifies these subpatterns with unowned dasein rather than with dasein tout court.—Ed.] [↩]
  3. The Macquarrie and Robinson translation, however, is poor in this regard; thus, they render the opening sentence (just mentioned) as follows: “We are ourselves the entities to be analyzed (i.e., Dasein).” The plural ‘entities’ would suggest a count noun, but the German is singular; such errors are common. (But on rare occasion, Heidegger himself seems to slip up; see e.g., SZ 240 and 336.)[↩]
  4. German does not have a terrific term for it. either; when Heidegger wants to speak of individuals, he qualifies it with ‘je’ or ‘jeweilig,’ meaning, roughly, “in each case” or “in the given case.”[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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