“Findingness” (encontrando-se) é minha interpretação artificial da ‘Befindlichkeit’ de Heidegger 1. O verbo “befinden” significa considerar ou julgar algo como sendo assim e assim — como quando um tribunal considera um caso sem mérito, ou quando os alunos consideram um seminário estimulante. No reflexivo, significa estar (ou ser considerado como estando) em tal e tal condição ou situação. Assim, a saudação comum “Wie befinden Sie sich?” pergunta: “Como você se encontra?” no sentido de ”Como você está?” “Como estão indo as coisas?” “Como a vida está lhe tratando?” e assim por diante. Agora, perguntas como essas são dirigidas principalmente a casos de dasein (pessoas individuais), e o que elas perguntam é sobre o “aí” atual do destinatário — a “situação de vida” dessa pessoa aqui e agora. Mas, assim como eu disse anteriormente sobre o “aí”, acho que saudações como as anteriores e o tipo de situação ou condição “encontrada” sobre a qual elas perguntam fazem todo o sentido para unidades integrais maiores, como famílias, equipes ou empresas.
Seja como for, o caráter do dasein é o de que tais perguntas sempre têm respostas — respostas com as quais, de uma forma ou de outra, ele tem de conviver. E o caráter de findingness do dasein é que ele sempre já tem alguma noção de quais são essas respostas: ele se encontra assim ou assado.
[HAUGELAND, John. Dasein disclosed: John Haugeland’s Heidegger. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 2013]- Macquarrie e Robinson traduzem “Befindlichkeit” como “estado da mente”, uma de suas escolhas menos felizes: não é nem um estado nem “da mente”. A “disposição” da tradução de Stambaugh (Heidegger, 1996) é melhor nesses aspectos, mas evoca, de forma enganosa, doutrinas behavioristas e reducionistas (como a de 1949 de Ryle), e não leva em conta o fato de que a pessoa se encontra assim disposta.[
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