Greisch (1994:§31) – O Dasein é constantemente ‘mais’ do que é de fato….

A definição do possível, não como uma categoria lógica (a lógica das modalidades), mas como um modo de ser, nos apresenta um paradoxo. A última estrofe do poema Cello-Einsatz de Paul Celan, na coleção Atemwende, expressa isso à sua maneira:

Essa estrofe, que obviamente precisa ser colocada no contexto do poema e da coleção da qual faz parte, pode ser comparada a uma declaração precisa de Heidegger no §31 (art38). Se a existência significa “factualidade” (Tatsächlichkeit) no sentido de simplesmente “acontecer”, então a compreensão como um sentido do possível sempre nos levou além dela. Alguns verão isso como um ponto positivo, outros como um ponto negativo. Mas, ao fazer isso, não deixamos para trás a própria facticidade: “O Dasein é constantemente ‘mais’ do que é de fato…. Por outro lado, nunca é “mais” do que é factivamente, porque o poder-ser pertence essencialmente à sua facticidade. Mas o Dasein, como ser-possível, também nunca é menos, se for verdade que ele é existencialmente o que ainda não é em seu ser” (SZ 145). É por isso que o tornar-se si mesmo pode ser entendido como uma tarefa para o Dasein.