Nossas considerações a respeito do problema do conhecimento nos conduziram a uma encruzilhada: de um lado, o conhecimento movido pelo interesse da representação certa e segura, isto é, a vontade de cálculo, em que “cálculo” significa por antecipação precisar e poder contar com, ou seja, assegurar-se ou auto-assegurar-se previamente. É essa a marca, mesmo o estigma do conhecimento que caracteriza a era técnica ou a tecno-ciência. Na vigência desse interesse, vimos, teorizar respectivamente conhecer passa a significar “a suposição das categorias, às quais é atribuído somente uma função cibernética e recusado todo e qualquer sentido ontológico” (Heidegger).
Por outro lado, mostrava-se que a atitude que reconhece ou assume um “sentido ontológico”, quer dizer, uma atitude que afirma conhecimento a partir de afeto ou que centra a questão do conhecimento a partir da necessidade de (172) compreensão e de determinação de todo real possível a partir de uma experiência enfim se mostrava que tal conhecimento caminha junto com o real, isto é, com a experiência (= sentido ontológico) e que esta, configurando-se como a própria dinâmica de vida, faz com que conhecimento seja, precise ser criação.
(FOGEL, Gilvan. Conhecer é Criar. Ijuí: Unijuí, 2005)