Gadamer (VM): instituição

Sob o nome de instituição compreendemos a origem da adoção do sinal ou da função do símbolo. Mesmo os assim chamados sinais naturais, p. ex., todos os indícios e prenúncios de uma ocorrência natural são instituídos nesse sentido básico. Isto significa, somente se encontram numa função de sinal, quando são experienciados como sinais. Mas somente serão experienciados como sinal no caso de uma conjugação prévia de sinal e de sinalizado. Isso vale da mesma forma para todos os sinais artificiais. Aqui a adoção do sinal se realiza através da convenção, e a linguagem denomina o ato que lhe dá origem, através do qual são introduzidos, de instituição. Na instituição do sinal repousa, só então, o seu sentido referente, parecido, por exemplo, com o do sinal de trânsito, ou o sentido do sinal para a memória (para a lembrança), que repousa no ato de dar sentido à sua conservação, e assim por diante. Da mesma forma, o símbolo recua até a instituição, pois somente esta lhe empresta o caráter de representação. Pois não é o seu próprio conteúdo de ser que lhe empresta seu significado, mas justamente uma instituição, uma investidura, uma consagração, que dá significado ao que em si não tem significado, p. ex., o emblema nacional, a bandeira, o símbolo do culto.

O que importa agora é observar que uma obra de arte não deve o seu significado genuíno a uma instituição, nem mesmo se tiver sido instituída realmente como quadro cúltico ou como monumento profano. O ato público da consagração ou da revelação, que o remete à sua determinação, não lhe empresta por primeiro o seu significado. Antes, já é uma configuração, com sua própria função de significado, como representação figurativa ou não, antes de ser encaminhada à sua função como monumento. A instituição e a consagração de um monumento — e não é por acaso que se chama de monumentos da construção, tanto a obras de construção religiosa como profana, quando a distância histórica as consagrou — realiza, pois, só uma função, que se encontra subentendida no próprio conteúdo da obra. (Gadamer Verdade e Método I)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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