O enigma nos foi proposto há muito tempo na palavra “ser”. É por isso que “ser” continua sendo uma palavra provisória, um mero prenúncio. Vamos nos certificar de que nosso pensamento faça mais do que persegui-lo com os olhos fechados. Vamos começar considerando que “ser” originalmente significava “presença” e “presença”, se pro-duzir e perdurar em desvelamento. 1
O filósofo que se expressa dessa maneira é precisamente aquele cuja linguagem laboriosa pode dar origem a mal-entendidos. Comprenne qui pourra! A humanidade não pode ouvir tudo o que a “palavra” transmite. Nessa letargia em que a linguagem se afunda, cabe ao vigilante despertar o pensamento. Mas quanta atenção ele receberá pela aurora que anuncia?
Só podemos ver esse relâmpago se entrarmos na tempestade do ser. Mas hoje, tudo indica que estamos apenas tentando manter a tempestade à distância… para que ela não perturbe nossa tranquilidade. Mas essa paz não é paz. É apenas apatia e, antes de tudo, a apatia da angústia diante do pensamento.” 2
- M. Heidegger, Essais et Conférences (GA7), trad. A. Préau, Gallimard, 1958, p. 278.[
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- Ibid., p. 277.[
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