GA9:177-178 – senso comum

Ninguém irá subtrair-se ao evidente acerto destas objeções. Ninguém poderá desprezar levianamente a urgência e gravidade delas. Mas que se exprime nestas objeções? O simples “bom senso”. Ele teima em sustentar as exigências do imediatamente útil e se revolta contra o saber que se refere à essência do ente, saber fundamental que, já há muito tempo, traz o nome de “filosofia”.

O SENSO COMUM (Menschenverstand) tem sua própria necessidade; ele defende seu direito usando a única arma de que dispõe. Esta é o apelo à “evidência” de suas pretensões e criticas. A filosofia, por sua vez, jamais pode refutar o SENSO COMUM porque este não tem ouvidos para sua linguagem. Pelo contrário, ela nem deve ter a intenção de refuta-lo porque o SENSO COMUM não tem olhos para aquilo que a filosofia propõe para ser visto como essencial.

Além do mais, nós mesmos nos movimentamos no nível de compreensão do SENSO COMUM, na medida em que nos cremos em segurança no seio das diversas “verdades” da experiência da vida, e da ação, da pesquisa, da criação e da fé. Nós mesmos participamos da revolta do “evidente” contra tudo o que exige ser posto em questão. (MHeidegger – Sobre a essência da verdade 153)