GA6T1:323 – essência do homem

Casanova

(…) a essência do homem pode ser determinada por meio do fato de que as pessoas o descrevem assim como se descreve e decompõe um sapo ou um ratinho; como se já estivesse imediatamente decidido que, com o auxílio dos procedimentos da biologia, se poderia chegar algum dia a saber o que é o vivente. Em verdade, contudo, o contrário é o caso, uma vez que, ao dar o seu primeiro passo, a ciência biológica já pressupõe e toma por garantido o que deve significar para ela a “vida”. Com certeza, podemos virar as costas para essa opinião tomada antecipadamente por garantida. Podemos sentir vergonha de nos confrontarmos com ela; e isso não apenas porque se tem muito a fazer com sapos e outros animais, mas também porque se tem medo de sua opinião, medo de que a ciência possa repentinamente entrar em colapso se olharmos o que está atrás de nós. Nesse caso, poder-se-ia evidenciar que os pressupostos são de um tipo muito digno de questão (muito questionável); e, em verdade, em todas as ciências sem exceção. O quão libertador seria para “a” ciência, se precisássemos dizer-lhe agora, e, com efeito, a partir de razões necessárias histórico-politicamente, que o povo e o estado precisam de resultados, e de resultados úteis! Muito bem, diz a ciência, mas precisamos de paz e tranquilidade. Como qualquer um é capaz de entender também isso, as pessoas alcançam então felizmente a sua paz e tranquilidade uma vez mais; o que significa: tudo pode prosseguir agora com a mesma ignorância filosófico-metafísica dos últimos 50 anos. A “ciência” de hoje também vivência, então, essa liberação da única maneira que pode; ela se sente em sua necessidade, e, dessa maneira, mais ratificada do que nunca em sua essência. (GA6PT)

Krell

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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