GA6T1:320-321 – Deus não está morto?

Casanova

Portanto: Deus não está morto? Sim e não! Sim – Ele está morto. Mas que deus está morto? O Deus “moral”, o Deus cristão está morto; o “Pai” junto ao qual buscamos refúgio, a “pessoa” com a qual negociamos e procuramos nos explicar, o “juiz” com o qual adjudicamos, o “doador de recompensas” por meio do qual podemos ser pagos por nossas virtudes, aquele Deus com o qual fazemos nossos “negócios” – mas onde está afinal a mãe que aceitaria ser paga pelo amor que tem por seu filho? Quando Nietzsche diz a sentença “Deus está morto”, ele não tem em vista senão o Deus visto em termos “morais”. Ele morreu porque os homens O assassinaram, e eles O assassinaram, na medida em que estimaram a Sua grandeza como Deus a partir da pequenez de suas carências por recompensa e, com isso, O apequenaram; esse Deus foi destituído de Seu poder porque Ele era um “engodo” do homem que nega a si mesmo e a vida (VIII, 62). Nos trabalhos prévios ao Zaratustra, Nietzsche disse certa vez: “Deus foi sufocado pela teologia; e a moral, pela moralidade” (XII, 329). Ora, mas então é possível que Deus e os deuses morram? Em meio aos estudos preliminares a O nascimento da tragédia, Nietzsche observa já bem cedo: “Eu acredito na sentença protogermânica: os deuses precisam morrer.” [GA6MAC: HEIDEGGER, Martin. Nietzsche (volume único). Tr. Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014, p. 254]

Vermal

Klossowski

Farrell

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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