(…) o que está em questão para Nietzsche é uma instauração de valores, é o estabelecimento do valor supremo segundo o qual e a partir do qual se determina como todo ente deve ser. O valor supremo é aquele do qual dependem todos os entes, porquanto eles são entes. Uma “nova” avaliação estabelece, com isso, um outro valor em contraposição ao antigo e decrépito, um valor que futuramente deve ser determinante. Por isso, uma crítica dos valores até aqui supremos se apresenta previamente no Livro II. O que se tem em vista nesse contexto por valores até aqui supremos é a religião, e, com efeito, a religião cristã, a moral e a filosofia. O modo de falar e de escrever de Nietzsche é frequentemente impreciso e conduz, muitas vezes, a incompreensões; pois religião, moral e filosofia não são elas mesmas os valores supremos, mas sim os modos fundamentais de instauração e de imposição dos valores supremos. Somente por isso elas podem valer e ser instauradas mediatamente como “valores supremos”.
A crítica dos valores supremos até aqui não é simplesmente uma refutação dos mesmos como não verdadeiros. Ao contrário, ela aponta muito mais para a demonstração de sua origem a partir de posições que precisam afirmar justamente o que deve ser negado por meio dos valores instaurados. A crítica dos valores supremos até aqui significa com isso propriamente: a iluminação da origem questionável das instaurações de valor correspondentes e, com isso, a comprovação da questionabilidade desses valores mesmos. (GA6T1MAC)