GA66:238 – homem se encontra desafinado

Casanova

Há muito o homem se encontra desafinado. Sem aquilo que insere a cada vez a sua essência na constância da salvaguarda de um aberto, no qual o seer acontece apropriativamente. A desafinação foi substituída até aqui pela estimulação para sentimentos e vivências que só humanizam o homem na casualidade daquilo que ele está agora mesmo empreendendo e que ele alcança por meio do cálculo. A tonalidade afetiva, contudo, lança a partir de si o espaço-tempo de decisões essenciais, na medida em que lança o próprio afinado nesse tempo-espaço e o entrega ao “aí”. Ser aí, por sua vez, não significa nada menos do que suportar no dizer, pensar e fazer essenciais (isto é, pertencente ao aí e à sua essenciação) o cuidado com a verdade do seer, preservando a tonalidade afetiva do seer na determinação do ser-aí como o sítio do vir-ao-encontro dos deuses e do homem.

Há muito o homem se encontra desafinado. Sem sua noite e seu dia, os deuses fogem da ausência da essência de sua divindade. O homem, porém, continua sempre contando com suas opiniões e realizações e cobre a miséria dessas opiniões e realizações com as imagens das confusas contrações de suas “vivências”. E, não obstante, já acontece um aceno; e, não obstante, o a-ssombro se transforma na maquinação do ente; e, não obstante, já se iniciou uma outra história que o homem até aqui talvez não venha a experimentar durante muito, muito tempo, porque tudo depende para ele do que estava vigente até aqui, uma vigência que ele só deixou para trás aparentemente por meio dos muitos revolvimentos e alterações de sua funcionalidade.

Emad & Kalary

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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