GA65:136 – seer nada “é”

Casanova

Seer – a estranha crença equivocada em que o seer precisaria sempre “ser” e em que quanto mais constantemente e duradouramente ele fosse, tanto mais “essente” ele seria.

Mas em primeiro lugar, o seer em geral não “é”, mas se essencia.

E, em segundo lugar, o seer é o que há de mais raro e mais único, e ninguém tem como avaliar os pontos instantes, nos quais ele funda para si um sítio e se essencia.

Como é que se chega ao fato de que o homem se equivoca tanto em relação ao seer? Porque ele precisa se ver exposto ao ente, a fim de experimentar a verdade do seer. Nessa exposição, o ente é o verdadeiro, o aberto; e isso porque o seer se essencia como o que se encobre.

Assim, o homem se mantém no ente e se torna útil ao ente, caindo como uma presa no esquecimento do seer; e, em verdade, tudo isso sob a aparência de realizar o que há de próprio e de permanecer próximo do seer.

Somente onde o seer se retém como o que se encobre é que o ente pode vir à tona e aparentemente dominar tudo, representando a única barreira contra o nada. E, não obstante, tudo isso se funda na verdade do seer. Mas, então, porém, a próxima e única consequência é deixar o seer e até mesmo esquecê-lo no velamento. Todavia: deixar o seer no velamento e experimentar o ser como o que se encobre são duas coisas fundamentalmente diversas. A experiência do seer, o suportar a sua verdade, traz, com certeza, o ente de volta para as suas barreiras e retira dele a aparente unicidade de seu primado. No entanto, assim ele não se torna menos essente, mas, ao contrário, mais essente, isto é, mais essencial na essenciação do seer.

Quantos (todos) não falam agora de “ser”, sempre tendo em vista apenas um ente e talvez mesmo aquele ente, que cria para eles a ocasião do desvio e da tranquilização. [GA65PT:251-252]

Fédier

Emad & Maly

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress