GA65 – acontecimento da apropriação e seer

A terra, que atravessa o caminho e, enquanto caminho, o re-pensar do seer, é o entre, que se apropria em meio ao acontecimento do ser-aí para o deus, em cujo acontecimento da apropriação pela primeira vez o homem e o deus se tornam “cognoscíveis”, pertencentes à vigília e à urgência do seer. GA65 (Casanova): 42

Neste caso, aquilo que é aqui denominado de-cisão ganha o meio essencial mais íntimo do seer mesmo e passa a não ter mais nada em comum com aquilo que se chama a tomada de uma escolha e coisas do gênero, mas diz: a dissociação mesma, que cinde e, na cisão, deixa entrar em jogo pela primeira vez o acontecimento da apropriação justamente desse aberto no dissociado como a clareira para o que se encobre e ainda se mostra como in-decidido, o pertencimento do homem ao seer e a referencialidade do seer ao cerne do tempo do último deus. GA65 (Casanova): 43

Ao contrário, tudo depende da doação ou da subtração do próprio acontecimento da apropriação; e isso mesmo se a essenciação do seer já tiver sido previamente pensada na meditação atual e se ela tiver se tornado consciente nos seus traços fundamentais. GA65 (Casanova): 130

Em que medida aquelas indicações provocam a tonalidade afetiva fundamental da retenção e em que medida a retenção afina para a docilidade com respeito àquelas indicações? Em Ser e tempo, essa ligação é concebida pela primeira vez como “compreensão de ser”, sendo que compreender precisa ser concebido como projeto e a projeção como jogada, o que quer dizer pertencente ao acontecimento da apropriação por parte do próprio seer. GA65 (Casanova): 134

O acontecimento da apropriação determina o homem para a propriedade do seer. GA65 (Casanova): 143

A abertura do fosso abissal é o alijamento interior incalculável do acontecimento da apropriação, da essenciação do seer como o meio utilizado que confere pertencimento, que permanece ligado ao passar ao largo do deus e, sobretudo, à história do homem. GA65 (Casanova): 157

Com certeza: esse “fato” fundamental de nossa história não é apresentável por meio de nenhuma “decomposição analítica” da “situação” “espiritual” ou “política” do tempo, uma vez que tanto a perspectiva voltada para o “espiritual” quanto a perspectiva voltada para o “político” já se movimentam no primeiro plano e no que foi corrente até aqui, de tal modo que elas renunciam de antemão à possibilidade de experimentar a história propriamente dita – a luta do acontecimento da apropriação do homem pelo seer – e de questioná-la e pensá-la nas vias da disponibilização dessa história, isto é, elas renunciam à possibilidade de se tornar histórico a partir do fundamento da história. GA65 (Casanova): 189

Por isto, é preciso perguntar: Em que história o homem precisa se encontrar, para que ele se torne pertinente ao acontecimento da apropriação? Ele não precisa ser empurrado de antemão para o interior do aí, cujo acontecimento se torna manifesto para ele como jogado? O caráter de jogado só é experimentado a partir da verdade do seer. GA65 (Casanova): 194

Pois a renúncia hesitante é o aceno, no qual o ser-aí, justamente a constância do encobrimento clareador, é reacenado, e essa é a vibração da viragem entre clamor e pertencimento, o acontecimento da apropriação, o seer mesmo. GA65 (Casanova): 242

Pois somente assim permanece a história fundada em sintonia com o caráter do ser-aí no acontecimento da apropriação e, assim, de maneira pertinente ao seer. GA65 (Casanova): 244

O repensar da verdade do seer só tem sucesso se, no passar ao largo do deus, o apoderamento do homem para a sua necessidade se tornar manifesto e, assim, o acontecimento da apropriação no excesso da viragem ganhar o aberto entre o pertencimento humano e a necessidade divina, a fim de revelar seu encobrir-se como meio, a fim de se revelar como meio do encobrir-se, obrigando a reoscilação e, com isso, trazendo ao salto a liberdade para o fundamento do seer como fundação do aí. GA65 (Casanova): 256

Esse instante histórico não é nenhum “estado ideal” porque esse estado contraria a cada vez a essência da história, mas esse instante é o acontecimento da apropriação daquela viragem, na qual a verdade do seer chega ao seer da verdade, uma vez que o deus precisa do ser e o homem como ser-aí precisa ter fundado o pertencimento ao ser. GA65 (Casanova): 256

E talvez essa seja a forma mais fatídica da mais absoluta falta de deus e o atordoamento da impotência para o sofrimento do acontecimento da apropriação daquele aí enquanto estada temporária do seer, que oferece pela primeira vez ao encontrar-se do ente na verdade um sítio, atribuindo a ele o elemento justo de se achar na mais ampla distância em relação ao passar ao largo do deus, elemento justo, cuja atribuição só acontece como história; na recriação do ente em meio à essencialidade de sua determinação e em meio à libertação do abuso das maquinações, que, invertendo tudo, esgotam o ente no usufruto. GA65 (Casanova): 256

3) O acontecimento da apropriação como de-cisão traz os cindidos para a contra-posição: para o fato de que esse um em relação ao outro da mais ampla e urgente decisão precisa se encontrar na mais extrema “oposição”, porque ele transpassa o a-bismo do seer usado. GA65 (Casanova): 267

O acontecimento da apropriação e a contestação, a fundação da história e a decisão, a unicidade e a unidade, o caráter de entre e o fosso aberto: todos eles jamais denominam a essência do seer como propriedades, mas eles nomeiam na essenciação respectivamente total de sua essência. GA65 (Casanova): 270

O ser-aí funda enquanto insistência o a-bismo ejetado no acontecimento da apropriação pelo seer e, contudo, suportado por ela naquele ente, como o qual o homem é. GA65 (Casanova): 271

E esse risco é a ressonância do acontecimento da apropriação, a entrega da responsabilidade ao seer. GA65 (Casanova): 271

 

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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